quarta-feira, outubro 03, 2007

Fazer graçolas sem ter graça é no que dá…

1. Juntei a este post três fotos que o Daniel considerou ofensivas. Pretendi apenas ser irónico, mas não o consegui, pelos vistos. Assim, retirei de imediato as referidas fotos.

2. Mas parece-me também excessivo que o Daniel recorra a expressões como “vanguarda ideológica da direita”. Gostaria de continuar esta conversa com o Daniel.

13 comentários :

Anónimo disse...

Continuarei e agradeço a saída das fotos. Ser excessivo e ofensivo não é a mesma coisa. Mas com tempo, se não levares a mal, irei à resposta, que merece cuidado e atenção.

Miguel Abrantes disse...

Daniel:

Nunca me passou pela cabeça, nem ao de leve, ofender-te. Por isso, retirei de imediato as fotos.

Eu sei que cada um de nós tem uma vida muito preenchida. Podemos ir conversando devagar. Nem é preciso que o outro responda a correr.

Abraço

Anónimo disse...

Parece até uma conversa de compadres.

--

(Onde é que está o lança-chamas que estava cá agora mesmo?)

Edie Falco

Anónimo disse...

Essa é uma boa técnica de contra-argumentação (ou de falta de)... declarar-se "ofendido". Lembra a reação de Ferreira Leite contra os vaticínios de Marcelo.

Edie Falco

Anónimo disse...

Declarar-se "ofendido" pela publicação de umas fotos é de uma covardia assustadora... é um golpe muito baixo. É chantagem emocional, estou quase a chorar com pena do "ofendido". É burguês de mais!!

Revolucionário "ofendido"?... vou ali e já venho.

Vê lá se não publica.

Edie Falco

Anónimo disse...

"Podemos ir conversando devagar" -

é giro, é de ilustre - se casarem, gostaria de estar á porta do registo, com uma tijela de arroz carolino

Ze Boné

Anónimo disse...

O Edie e o Aparvalhado (que com o MA fazem uma Trindade, cujo mistério deixa muito a desejar) a autocomentarem-se e a conversarem entre si?

Se não tivesse visto Deus e o Napoleão a conversarem, num monólogo e num manicómio, diria que era interessante.

Anónimo disse...

Gostou? Volte sempre. Venha daí do seu manicómio.

Edie Falco

Anónimo disse...

Caro Edie do Boné Abrantino:

Vou pedir ao meu Director que me transfira para o seu manicómio - mas não sei se têm vagas para Psiquiatra aí no Júlio de Matos agora.

PS - Cumprimentos à Vera e ao Afonso.

Anónimo disse...

Estou tão fartinha disto...

Anónimo disse...

O Daniel pediu treguas, podera. De inteligente tem pouco este burguês de meia malga. É muito triste ver alguem que não tem estofo para manter um debate ediologico e refugiar-se no tempo. Os vanguardistas revolucionarios não se podem queixar da falta de tempo.A revolução não pode esperar, é já ali....no expresso....na sicnoticias...nos bons e caros restaurantes....nos melhores locais de férias..não é verdade ? meu caro neocritporevolucionario? Este Daniel e seus camaradas da la calle
que se vão mas é catar, para cuba, birmania ou zimbabue, parece que aí moram os seus correlegionarios.

Anónimo disse...

Aqui está a resposta ao filosofo Daniel,cujo trabalho apresentado poupa o Miguel de responder.



PS de direita
Se percorrermos as medidas mais emblemáticas do governo do PS é bom de ver que elas são de esquerda e não de direita.

João Cardoso Rosas

Ao ouvir o dr. Menezes ficamos com a impressão de que existe um PSD de esquerda, pronto a fazer frente ao PS de direita (conservador, sem sensibilidade social, etc.). É interessante que isso seja redito pelo líder do PSD, uma vez que é precisamente isso que têm dito os dirigentes do PCP, da Intersindical, ou mesmo as vozes críticas da área socialista. Aliás, até os analistas mais imparciais têm coincidido na ideia de que o governo do PS está simplesmente a fazer a política que os governos do PSD não conseguiram pôr em prática. O consenso sobre o “PS de direita” parece generalizar-se. Mas eu não participo dele.

Se quisermos dar algum conteúdo à distinção esquerda/direita teremos de pensar na ideia de rectificação das desigualdades. A esquerda é a favor dessa rectificação porque considera moralmente ilegítimas as desigualdade existentes em sociedades hierárquicas, as desigualdades produzidas pelo mercado, as desigualdades de género, etc. A direita, por sua vez, considera que a tentativa para realizar a igualdade protagonizada pela esquerda é contraproducente porque acaba por destruir as tradições que enquadram e dão sentido à vida humana, a espontaneidade do mercado e a própria liberdade individual.

Ora, se percorrermos as medidas mais emblemáticas do governo do PS é bom de ver que elas são de esquerda – ou seja, que são rectificativas num sentido igualitário – e não de direita. Por falta de espaço, não é possível fazer aqui uma lista minimamente exaustiva dessas medidas. Mas não é difícil dar alguns exemplos.

Pense-se nos incentivos à natalidade que entraram em vigor esta semana. Esses incentivos são condicionais em relação ao rendimento dos agregados familiares. Se o leitor for consultar as tabelas desses rendimentos terá provavelmente a desilusão de constatar que o seu agregado familiar não tem direito a qualquer abono. Em boa verdade, estes incentivos não são tanto um apoio à natalidade – como seriam caso fossem universais e não dependentes dos rendimentos –, mas antes um apoio à maternidade entre os pobres e remediados. Ou seja, trata-se de uma política rectificativa num sentido igualitário. Note-se que a mesma lógica tem sido seguida pelo Governo do PS em relação a prestações sociais anteriormente existentes, como o rendimento mínimo, ou prestações agora criadas, como o complemento de reforma para idosos.

Pense-se noutro exemplo: a reforma do sistema de pensões. O Governo decidiu manter-se fiel ao regime de repartição e não enveredou pelo regime de capitalização privada que era preconizado pela direita. Muitos referiram na altura que as novas regras não garantem a sustentabilidade do sistema de pensões a longo ou mesmo a médio prazo. Mas o Governo não quis enveredar por um sistema que desprotegeria os menos afluentes através do decréscimo de contribuições – que seriam canalizadas para fundos privados – dos mais ricos. Trata-se, de novo, da lógica rectificativa típica da esquerda.

Outro exemplo ainda: a despenalização do aborto. Quer concordemos ou não com ela por razões éticas, a verdade é que esta medida se insere numa visão rectificativa das desigualdades e, por isso, é tão cara à esquerda. Na prática, o aborto já estava despenalizado para as classes média e alta. Elas faziam-no em segurança em Inglaterra, Espanha, ou até mesmo em algumas clínicas portuguesas. Quem não tinha acesso ao aborto seguro eram as classes baixas e são elas as grandes beneficiadas com o novo enquadramento legislativo e a sua aplicação prática. A nova lei visa, portanto, rectificar uma desigualdade.

Os exemplos poderiam multiplicar-se, tanto em relação às medidas adoptadas, como em relação às agendadas. Julgo que aquilo que confunde a esquerda do PS – mas também a sua direita – em relação à marca ideológica das suas políticas é uma certa renúncia ao estatismo em matéria económica. Neste domínio, o Governo é um pouco – infelizmente, talvez apenas um pouco – menos estatista do que seria de esperar por parte de um Governo do PS. Mas isso não demonstra que ele seja de direita. Há uma esquerda estatista e uma esquerda liberal. Também há uma direita liberal (que não é apenas sulista e elitista) e uma direita estatista.
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João Cardoso Rosas, Professor de Teoria Política

Anónimo disse...

Muito bom. É por essas e outras que vai valendo à pena voltar a este blog. Obrigado professor, por sistematizar o que aqueles que são realmente de esquerda já intuiam.

O que não consigo perceber é porque partidos de esquerda como o PCP e o BE não são capazes de se entender com o PS. A razão só pode ser o traço demagógico que é transversal ao discurso dos partidos portugueses.

Edie Falco