quarta-feira, outubro 24, 2007

O estranho caso do embargo do Sr. Fernandes





O embargo é um quebra-cabeças para os jornalistas. A “fonte” fornece-lhes a informação, mas fixa a data a partir da qual ela pode ser divulgada. Não raras vezes, o embargo provoca confusões, como aconteceu, salvo erro com Rodrigues dos Santos, quando não foi respeitado o embargo do discurso que Saramago iria proferir na cerimónia de atribuição do Nobel.

A ministra da Educação decidiu este ano divulgar na Internet os rankings das escolas, não impondo aos jornalistas quaisquer prazos para a sua divulgação. O DN, por exemplo, fez, a partir dos dados disponíveis, um trabalho com sete páginas.

Creio que todos os jornalistas preferem que a informação seja libertada sem condicionamento de prazos. Todos, menos o director do Público, que, verdade seja dita, não é bem um jornalista.

José Manuel Fernandes entrou em parafuso. Logo ontem, fez sair um artigo na edição on-line, no qual revelava as fragilidades do jornal que comanda com mão férrea, ao anunciar que não estava em condições de preparar uma notícia sobre o assunto. Hoje, com chamada de 1.ª página a vermelho, faz um editorial imenso sobre “Arrogância e autismo, ou a lei do quero, osso e mando”, seguido da inevitável setinha para baixo da ministra da Educação (na última página).

De que é acusada a ministra da Educação — que não reteve a informação de que dispunha, antes a divulgou sem constrangimentos? O inflamado João Coito dos tempos modernos considera que o Ministério “viola princípios de equidade essenciais à liberdade de imprensa [sic] e limita o direito de acesso dos cidadãos à melhor informação”.

À primeira vista, o director do Público parece estar a enlouquecer, tão bizarra é a argumentação que utiliza no editorial. Não será o caso.

Acontece que Fernandes se preocupa mais (e cada vez mais) com os balancetes da Sonae.com e menos com os seus leitores. Se os professores, os pais e os alunos têm interesse em conhecer o mais rapidamente a informação que o Ministério divulgou, o Público, por meras razões comerciais, prefere que esses dados apareçam num caderno especial, em que a publicidade a eito atenue os crónicos défices do jornal.

Até pode ter razão o Sr. Fernandes, na sua jaqueta de gestor de produto. De facto, depois de publicadas as sete páginas no DN de hoje sobre os rankings nas escolas, qual é o anunciante no seu perfeito juízo que vai investir em informação requentada a publicar daqui a mais de uma semana?

6 comentários :

Anónimo disse...

Meu caro Abrantes,
Desta vez o sr. Fernandes tem razão. O 'ranking' que o Ministério divulga é coisa em bruto e incompreensível - que precisa de ser tratado com tempo e critério certo. Já percebemos que a o Ministério não gosta do ranking, de modo que publica um amontoado de dados - e assim deixa aos jornais a responsabilidade pelo produto final. Faço-me entender?

Oscar Maximo disse...

O facto do ranking ser bruto e incompreensível não impede que tenha utilidade.

A utilidade está nisto: sei que o aluno que vá para determinada escola tem melhores (ou piores) hipóteses de ter boas notas - e isto MESMO que as notas boas (ou más) tenham resultado SÓ do critério de seleção dos alunos (há um ditado que diz que as companhias contam).

Não serve para avaliar professores?
Talvez não, mas como se viu, tem outras utilidades. É uma medida concreta que pode ser usada para estudar a evolução do ensino.

Se os dados fossem fornecidos depois de tratados, podiam ter erros de interpretação, assim, nos dados em bruto, os erros são minimos. Os dados em bruto só são perigosos para que faz deduções precipitadas.

Anónimo disse...

Ò Abrantes: agora o Joaquim Oliveira, do DN e dos futebóis, também precisa dos teus serviços. Abrantes, abrantes, não te distraias do líder dos sócretinos. Esse sim, como o botas de Santa Comba, vale tudo e justifica tudo: é a alma da Nação. Abrantes, abrantes, olha a tua missão. Não te distraias. Os sócretinos confiamem ti e na tua capacidade de estar sempre alerta contra o inimigo

Anónimo disse...

Miguel, - não se menciona o excremento

Ze Boné

Anónimo disse...

O escrementoide da JMF ? Este parasita da sociedade, ex-tudo, capacho do seu patrão e bofia do mrpp.

GÊ OITO disse...

Miguel Abrantes,
A questão do não respeitar do embargo do discurso de Saramago foi com Victor Moura Pinto da SIC. José Rodrigues dos Santos comentou isso no telejornal, e Rangel defendeu Moura Pinto e apelidou de canalha o editor da Caminho, José Rodrigues dos Santos e uma terceira pessoa .