segunda-feira, outubro 22, 2007

O poder feudal não cai de podre





O comentador Marcelo, e não o Prof. Marcelo, ficou perplexo com a circunstância de o procurador-geral da República ter considerado o Ministério Público um poder feudal:

    “O MP é uma estrutura hierarquizada — é assim que está na lei. Mas não é assim na prática: o MP é um poder feudal neste momento. Há o conde, o visconde, a marquesa e o duque.”

Numa daquelas piruetas já um pouco gastas de comediante com o fim da carreira à vista, Marcelo disparou: “ele (Pinto Monteiro) não pode dizer ‘eu mando numa casa onde ninguém manda’”.

O animador dos serões de domingo da RTP desconhece por certo que não é, efectivamente, o procurador-geral da República quem escolhe os procuradores-gerais distritais. Desconhece por certo que os procuradores-gerais distritais são eleitos pelo Conselho Superior do Ministério Público, no qual o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público tem um peso significativo. Pode exigir-se responsabilidades a alguém, quando os seus colaboradores directos são eleitos por outros?

PS — Num país normal em que o Ministério Público fosse, de facto, uma estrutura hierarquizada, e não uma corte repleta de condes, viscondes, marquesas e duques, um procurador-geral distrital poderia manter emprestado o seu nome a um blogue no qual se procura repetidamente fazer chacota — aliás, de um modo deprimente — do procurador-geral da República?

7 comentários :

Anónimo disse...

O Sindicato só tem poder dentro do Conselho porque não aparecem listas alternativas, que obviamente ganharão
às listas do esgotado e pouco representativo Sindicato.
Talves este ano não seja assim....
Porém só faltava que o PGR escolhesse os membros do conselho como escolheu o Vice.
Por outro lado ainda, ele é o Rei da corte ou não é? Se não é, e não o consegue ser, saia com dignidade...

Anónimo disse...

O melhor é opresidente do onselho de Ministros abrir a caça às bruxas e nomear o Niguel Abrantes como supervisor do Ministério Público, dissolvendo de imediato o Conselho Consultivo e o Conselho Superior. Nessa arrojada decisão, o líder dos sócretinos deverá transformar a Câmara Corporativa no site onde os procuradores devem ir procurar as circulares e directivas que o Abrantes elabore.
A bem da Nação

Anónimo disse...

O manjericão do clun(i), ao serviço do PCP e quejandos, é a peça da tabuleiro que objectivamente actua no sentido de criar problemas ao sr.procurador, denegrindo a imagem e a eficacia da PGR.

Anónimo disse...

O problema não está em ninguém mandar no M. P.: está em mandar gente demais e não se saber ao certo quem é que manda efectivamente: o PGR? o Conselho Superior? o Sindicato? o duque de Cluny? a marquesa Maria José?

Anónimo disse...

... E não haverá ninguém que se dê ao respeito ?!

Anónimo disse...

Quem conhece no mínimo a maneira como o M.º P.º funciona, sabe bem que o PGR tem razão no que afirmou.

Nunca percebi como é que a magistratura do M.º P.º continua a manter paralelismo com a dos juízes, quando nada têm a ver entre si - ligação conseguida durante o PREC e que teve como fundamento a reivindicação salarial.

O trabalho de uma nada tem a ver com o da outra, recaindo sobre os juízes uma muito maior responsabilidade e o dever de fundamentar as suas decisões - ao contrario dos procuradores que se limitam a ver os processos durante as audiências de julgamento e a pedirem justiça.

Digo eu...

Saloio

Anónimo disse...

Se a ignorância pagasse imposto...
O trabalho dos Juizes não é assim tão dificil, sobretudo agora com o novo art.141º do CPP, limitam-se a aplicar o senso comum aquilo que lhe é trazido e depois a fundamentar.
Quem fala assim julga que os processos são todos de ofensas á integridade física e já esta passado no tempo e no que é o MP hoje em dia.
Por outro lado não temos a culpa que algusn colegas vão dormir para os julgamentos, o que também acontece com alguns juizes "asa".
Cuidado com o que se escreve quando também se têm trelhados de vidro, até há "istória" de um juiz ligado aos futebóis que num ano relatou um acórdão.Ou não se lembram já?