“O apelo de Menezes à transição constitucional é mais complicado. A verdade é que o recém-eleito líder do PSD escolheu o pior caminho: responsabilizou a Constituição pela estagnação e ingovernabilidade do País. Trata-se de outra falácia, esta de pensar que os nossos problemas residem na Constituição. Não que a Constituição seja insusceptível de críticas sérias. A glorificação da Constituição de 1976 padece dos mesmos defeitos que o seu ataque destemperado. E renovar alguns dos nossos pretensos consensos constitucionais não seria necessariamente um erro. Em 2000 a Finlândia aprovou uma nova Constituição: um dia também nós faremos o mesmo. Mas uma coisa é um discurso crítico e informado da actual Constituição que tenha os pés bem assentes na terra; outra é provocar uma querela constitucional em Portugal, imputando à Constituição uma função e uma responsabilidade que continuam a caber aos políticos. Menezes falou mas não percebeu a diferença.”
Sem comentários :
Enviar um comentário