A manchete do Independente Sol sobre uma auditoria à empresa Estradas de Portugal, SA, que o Tribunal de Contas está a promover, trouxe-me à memória uma outra fuga de informação ocorrida no tempo de Sousa Franco.
A notícia era então ilustrada por uma fotografia de uma página do relatório da auditoria, que tinha uma particularidade: várias passagens estavam sublinhadas. O presidente do Tribunal de Contas, Sousa Franco, abriu um inquérito e detectou rapidamente que as passagens sublinhadas eram idênticas às de uma cópia do relatório que estava na posse de um juiz conselheiro.
Só um muito reduzido número de pessoas tem acesso a um rascunho que ainda está a ser elaborado. Não seria difícil ao actual presidente do Tribunal de Contas detectar a origem da fuga. Mas, se o fizesse, estaria a cometer um erro de proporções trágicas.
A aprovação de um relatório de auditoria do Tribunal de Contas segue um ritual: concluído o relatório (ainda apelidado de relato), ele é enviado à entidade auditada, que comenta os resultados do trabalho (os factos apurados, as conclusões e as recomendações). Não raras vezes, a entidade auditada corrige de ponta a ponta o relato, quer porque os auditores se atrapalham com os números, quer porque não entendem a lógica do que estão a auditar, quer ainda porque extraem conclusões extravagantes, que pouco ou nada têm a ver com os factos apurados.
A resposta ao processo de contraditório costuma(va) ser divulgada com o próprio relatório final. Quem se desse ao trabalho de ler as “alegações” da entidade auditada concluía que, não raras vezes, a auditoria é feita com uma ligeireza que não se compadece com as normas internacionais que diz seguir.
Neste sentido, as recorrentes fugas de informação divulgadas pelo Sol parecem ser uma óptima medida de gestão — pelo menos para a imagem do Tribunal. Ao mesmo tempo que ajudam o semanário a sobreviver, esta inovadora fase antecipada do contraditório permite que o relato, quando for efectivamente enviado à entidade auditada, já vá, tanto quanto possível, arrumadinho, sem as atoardas que deixam o país entre o pânico e o riso.
O Dr. Oliveira Martins só tem de estar agradecido ao Arq. José António Saraiva. O passo seguinte a dar é a formalização desta parceria público-privada. Não carece de visto.
PS — Não é extraordinário que o PCP e o BE tenham de imediato exigido ouvir no Parlamento Mário Lino, tendo como pano de fundo um rascunho publicado pelo jornal do lunático pequeno arquitecto?
domingo, novembro 04, 2007
A parceria entre o Tribunal de Contas e o Sol – uma óptima decisão de gestão
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4 comentários :
Pelo que leio, fico a saber que no interior do TC há pelo menos um BUFO,(magistrado ?) que se presta ao vil serviço de serventario da mentira e da trapaça. É um nôjo e são escoria do pior do ser humano.
Já nada me espanta que os partidos, servidos por homens que se venderam a ideologias negreiras, que se aproveitem destes BUfos despresiveis para assim marcarem a agenda politica.
Esse malfeitor do Sol de facto disse, aquando do lançamento do pasquim, que queria marcar a agenda política do país, tendo sido esta a razão pela qual eu não leio esse jornal!
PCP e BE são, para seu proprio mal incoerentes até mais não e nesse sentido só eles próprios se levam a sério!
Ou muito me engano ou o Sol está a tentar seguir uma linha bombástica, populista, com parentesco ao Independente de Paulo Portas.
O erro é que o governo PS não é o governo cavaco e nem Sócrates é Cavaco.
É mais um jornal que, á semelhança do "Sarjeta", vai se enterrar a pouco e pouco.
Edie Falco
Por muito menos pediu-se a demissão de Souto Moura.
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