sexta-feira, abril 04, 2008

A palavra é prata, o silêncio é ouro¹





Mário Nogueira costuma aparecer sempre tão ufano em alardear supostas vitórias judiciais da FENPROF. Acontece que, quando se vai a ver, as “vitórias” são meros efeitos automáticos decorrentes da entrega de uma petição inicial, os quais não implicam qualquer decisão jurisdicional, nem envolvem sequer qualquer pronunciamento ou juízo de (i)legalidade efectuado por um juiz — sendo que, por regra, quando o tribunal efectivamente acaba por se pronunciar sobre o mérito da causa, é no sentido de fazer reverter o tal efeito automático.

Mas o antigo mandatário nacional da candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa fecha-se em copas quando os tribunais decidem — como se tem vindo a revelar comum — dar sopa às pretensões da FENPROF.

Foi o que aconteceu recentemente, através do acórdão n.º 184/2008 do Tribunal Constitucional do passado dia 12 de Março.

Na sequência da polémica gerada em torno das alterações ao Estatuto da Carreira Docente, que criaram a categoria de “professor titular”, houve um conjunto de deputados da oposição que, cavalgando a onda criada pelos sindicatos, decidiu remeter a questão ao Tribunal Constitucional.

Esses deputados invocaram todo um rol de violações de princípios constitucionais (igualdade, proporcionalidade, confiança jurídica, reserva de lei, etc.) e, relativamente a todos eles, o Tribunal veio dizer que o diploma em causa não suscitava quaisquer problemas, nem violava a Constituição. Com uma única excepção, relativa a um pormenor muito específico (sobre professores incapacitados por motivo de doença) e, ainda assim, com um vasto número de votos de vencidos quanto a esta questão, que, de resto, só se aplicava ao concurso excepcional para professor titular, que já decorreu — e, portanto, não tem, hoje em dia, qualquer efeito prático.

Quanto a tudo o resto, o Tribunal deita por terra as pretensões de inconstitucionalidade. Veja-se:
    Quanto à existência de quotas para a atribuição da classificação de Muito Bom e Excelente: “não pode recusar-se que o sistema de quotas instituído pela norma questionada se apresenta como um instrumento de gestão de recursos humanos adequado à diferenciação do desempenho dos docentes”.

    E, ainda, sobre o mesmo assunto: “a imposição de quotas nas classificações máximas dos docentes não constitui um obstáculo a que possa ser avaliada toda a actividade por eles desenvolvida e que essa actividade se repercuta na progressão na carreira”.

    Quanto à invocada violação do princípio da igualdade: "A norma do artigo 46.º, n.º 3, do Estatuto não viola o princípio da igualdade, pelo simples facto de prever a fixação de percentagens máximas para a atribuição das classificações de Muito bom e Excelente”.

    Quanto à suposta restrição de direitos fundamentais: “não se vê como é que a norma questionada possa ser entendida como uma norma restritiva de um direito”.

    Quanto à alegada violação do princípio da reserva de lei: “tal avaliação, nos termos em que é regulada pela norma questionada, não se afigura como uma afectação negativa do bem jurídico que é protegido pelo artigo 47.º, da Constituição, não estando por esse motivo sujeita a reserva de lei”.

    Quanto à invocada violação do princípio da proporcionalidade: “a solução encontrada pelo legislador não viola o princípio da proporcionalidade (em sentido amplo, compreendendo os princípios da necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito)”.
Em suma, muitos dos argumentos analisados — e rebatidos — pelo Tribunal Constitucional correspondem àquilo que foi a argumentação utilizada recorrentemente pelos sindicatos para combater o Estatuto da Carreira Docente. Importa que se diga agora, então, que os sindicatos não tinham e não têm razão. Tribunal Constitucional dixit.

E onde pára Mário Nogueira agora? Por que não se apressa ele a ir para as televisões falar deste acórdão?

__________
¹ Provérbio chinês.

24 comentários :

Anónimo disse...

Querias que ele falasse de quê ???

Anónimo disse...

Silence is golden

Anónimo disse...

Viva o futuro secretario geral da CGTP !

Anónimo disse...

a ministra da educação é a principal responsável pelo surgimento deste senhor.

Anónimo disse...

O que vale é que o Menezes já garantiu que vai mandar fechar o Trib Constitucional.

Anónimo disse...

Não é a ministra a principal responsável pelo surgimento deste senhor, mas a menoridade, a todos os títulos, de quem o escolhe para seu porta-voz e defensor!

Anónimo disse...

o post anterior é ao melhor estilo da ministra. Ou seja, os professores são todos umas bestas. Vamos combatê-los.

Aliás, a guerra já começou em algumas escolas. As armas já lá estão

Unknown disse...

Já agora, por falar em vitórias nos tribunais como e que ficou aquele caso das transferências de verbas para a R.A. da Madeira.
Nunca mais se falou disso aqui no blogue...

Nuno disse...

Recorrer ao TC é ridiculo! E o TC só poderia decidir neste sentido! Esta instrumentalização do sindicato pelo PCP é prejudicial para a escola e leva a que a maioria da opinião pública não se reveja nem ache legitimas as posições dos professores! E eu não tenho dúvidas q algumas das posições serão legitimas, mas cada vez que este senhor aparece a falar pelos professores estes perdem credibilidade!

Unknown disse...

para saber o rsultado desse processo faça "copy-paste" do seguinte endereço:

http://www.dgsi.pt/jtca.nsf/a10cb5082dc606f9802565f600569da6/62f625afb1619e7480257380004e77a6?OpenDocument

Anónimo disse...

Lá por ser "constitucional" não quer dizer que seja justo.
E, de facto, esta norma é tão justa como os numerus clausus no acesso às faculdades, que deixam de fora um aluno que tenha uma média uma centésima de valor mais baixa que outro, admitido para o último lugar de um número de vagas definido por questões completamente alheias ao mérito.
Ou seja, não é justo. Os prefessores têm razão em protestar.

António Pereira disse...

Avaliados de acordo com as convicções do Governo é que os professores, ou uma grande parte, não quer nem por nada.
Mas pelo que se vai lendo, vendo e ouvindo, a avaliação peca por tardia.
Devo esclarecer que a minha mulher é docente.

Anónimo disse...

Os professores escolheram para os representar o PCP. O PCP está-se marinbando para os professores, tem o seu próprio guião politico.O Nogueira não existe, é o trombone do Jerónimo de Sousa.E este é muito, mas muito emburrado.

Anónimo disse...

Como foi possivel que individuos esclarecidos acima da media, se deixaram enganar por pelo, trauliteiro fanfarrão e brejeiro, nogueira?

Só o oportunismo corporativo permitiu que o processo fosse conduzido pelo representante de um sistema politico, anacronico, velho,fora do tempo, repressivo, autoritario e até criminoso, violador das liberdades e dos direitos humanos, que tem como imagem de marca, a coreia do norte, cuba, china,maongolia, zimbabué e poucos mais, felizmente.

Foi com este homem, o tal nogueira, que os professores perderam a dignidade e o respeito, assim como por aquilo que diziam lutar.O fracaço é total.

Grande vitoria da grande ministra da Educação e da sua equipa.

Anónimo disse...

a ministra ainda acha que a vilência nas escolas não existe?

A ministra anda tão obcecada com o "bota abaixo" nos professores que se esqueceu de ver o óbvio.

Foi preciso o Procurador vir pôr as coisas no devido lugar.

A EDUCAÇÂO é demasiado importante para estar nas mãos de pessoas mediocres. Como encarregado de educação considero que esta ministra não tem condições para continuar; se continuar mais tempo o Nogueira vai aparecendo com cada vez mais força.

Anónimo disse...

O Tribunal Constitucional é essencialmente um tribunal político.

Assim, na circunstância presente, limita-se a repetir "a voz do dono".

Tal como outros, noutras épocas, noutras demandas...

Porquê todo este empolamento ?

Já sabemos que foi, é e será sempre assim...

joao torga disse...

"relativa a um pormenor muito específico (sobre professores incapacitados por motivo de doença) e, ainda assim, com um vasto número de votos de vencidos quanto a esta questão, que, de resto, só se aplicava ao concurso excepcional para professor titular, que já decorreu — e, portanto, não tem, hoje em dia, qualquer efeito prático."
Esta é para rir, com que então relativo a um pormmenor muito especifico?Quem escreveu isto não percebe nada do que está a falar. Nesta situação o estado pura simplesmente impediu alguém de concorrer a um concurso para o qual estava habilitado.Dizer que o concurso já decorreu e que portanto hoje ém dia qualquer efeito prático é pura demagogia. Então quem se sentir prejudicado por esta decisão não pode recorrer aos tribunais? Não pode impugnar o concurso?Como diz a senhora Ministra só cá falta essa.. Passando a questão para um plano mais desportivo, a ideia expressa nestas afirmações serã esta: O senhor Valentim Loureiro, aquele senhor que ofereceu uma caravela à senhora ministra, andou numas confusões com os senhores do apito, classificações, resultados e outras complicações, mas como já passou, não se faz nada e o homem saía impune de tudo isto....
Afinal não é só o Mario Nogueira a dizer o que lhe interessa.

Anónimo disse...

..o argumento da (in)constitucionaliddae era a Arma da Fenprof..pólvora seca como se viu..Portgal precisa de uma escola pública melhor! Força Ministra!

Paideia disse...

Se me permite esqueceu-se de referir esta parte do acórdão:

Assim, o Tribunal Constitucional decidiu:



c) Declarar a inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma contida no artigo, 15.º n.º 5, alínea c) do referido Decreto-Lei n.º 15/2007, por violação do nº 2 do artigo 47.º da Constituição.
Muito obrigada.
E desculpe.

Anónimo disse...

Deixem ficar esta ministra da educação. Por favor! Só mais um ano e tal. Com o contributo da senhora, o "Pêesse" perderá a maioria absoluta. Sócrates olhará sempre a D. Lurdes com a culpada dos 3% que lhe faltaram para reinar, de novo, como monarca absoluto e ficará sempre com o arrependimento de não a ter posto na rua no único momento possível: o momento da substituição do ministro da saúde.
Sempre votei PS. Tenho 17 anos de Assembleia Municipal. Agora, acabou-se. Este "Pêesse" enganou-me e não merece que levante um dedo para defender as suas politicas.
Como não vejo alternativa, vou contribuir em toda a linha para a perda da maioria absoluta. Será a minha vitória e a vitória dos portugueses. Alguém tem dúvidas de que as melhores governações, as mais participadas, democráticas e eficazes são as que correspondem a governos sem maioria absoluta?

Anónimo disse...

AO XUXA LIS TA

Caro "Pêesse" socialistas como tu podem ir andando, só mostram falta de consciencia poltica e convicções, considero este tipo de gente, uns oportunistas por lugares ou tachos, portanto está na hora de ir fora, mas fora mesmo.
militante nº. 90376

Anónimo disse...

90376:
entraste tarito, não foi?
Mais ou menos na altura do Pinóquio.

Anónimo disse...

tardito...

Anónimo disse...

Ao PS disse:

O meu pai costumava dizer: "não é tu, é vocemessê".
Com esse número de militante, quando o meu amigo se filiou já eu tinha um filho militante com com um número mais baixo que o seu.
É o que se me oferece dizer a quem nem as cotas em dia deve ter e deve viver pendurado nas costelas politicas do partido.