sábado, junho 07, 2008
Apologia do jornalismo engagé
Os jornalistas comprometidos com causas nobres andam em maus lençóis. Qualquer gato-pingado se julga no direito de os tentar enxovalhar na praça pública. Isso pode inibi-los. E a verdade é que só eles estão em condições de nos dar detalhes e informações que de outro modo nunca conheceríamos.
Abra-se, por exemplo, o DN de ontem. Quem queira manter-se informado sobre a política nacional, designadamente sobre a “reflexão aprofundada” de Santana Lopes, tem de mostrar gratidão por poder saber que o menino-guerreiro se prepara para “uma espécie de licença sabática”, na qual “irá remeter-se ao silêncio durante o próximo ano, optando por raríssimas aparições públicas.”
É ou não importante também saber que Santana está apostado “em ver para crer” para decidir o que fazer no (e com o) PPD/PSD, “como lhe costuma carinhosamente chamar”?
É ou não relevante poder saber que, na reunião do grupo parlamentar do PSD, Jorge Neto, um dos mais entusiásticos apoiantes de Manuela Ferreira Leite nas directas, “considerou [Santana Lopes] o melhor líder parlamentar nos últimos 11 anos”? Porquê nos “últimos 11 anos”? Rendamo-nos à memória do jornalismo engagé: “Um período que inclui, curiosamente, as lideranças parlamentares de Luís Marques Mendes (com Marcelo Rebelo de Sousa) e da própria Manuela Ferreira Leite, que foi líder parlamentar de Durão Barroso.”
Como se vê, o jornalismo engagé tem fontes nas várias barricadas. Veja-se igualmente o DN de hoje: “O DN sabe que Manuela Ferreira Leite nutria algum respeito pela solução Paulo Rangel para líder parlamentar, apesar de vários dos seus conselheiros mais próximos se inclinarem para Aguiar-Branco e para Marques Guedes.”
Acontece que se descobriu agora que o deputado não é militante do PSD nem do PPD. Apesar disso, “Rangel terá tentado votar nas eleições directa, o que não foi permitido.” Assim sendo, a conclusão do artigo parece fazer todo o sentido: “Um estilo [o de Rangel himself] difícil de ser replicado enquanto líder parlamentar, visto que é obrigatória a filiação no PSD há pelo seis meses (um ano, noutra versão) para exercer aquele cargo.” Elementar, meu caro Watson.
Se o leitor ainda não está rendido ao jornalismo engagé, fique a saber que “Ferreira Leite quer ter alguém da sua confiança à frente do aparelho, pelo que se fala ainda em Suzana Toscano, que é assessora em Belém.” Não a do Pará, certamente.
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
1 comentário :
«««««"Não a do Pará, certamente".»»»»
Pois não, é a da GALP e do SIADAP...
Enviar um comentário