Aprovado o fim da progressividade do IRS (moção D)
Marques Guedes — Dr.ª Manuela, a parte em que se referiu ao sistema fiscal estava um bocado atabalhoada. Quando falou em simplificar, porque há pessoas que não pagam impostos devido à sua complexidade, o que fica a zumbir no ouvido é que quer mais receitas…
Manuela — Se vierem, tanto melhor. Mas foi o Dr. Pacheco que colocou umas dicas do contabilista dele, porque também não percebe nada disso…
Marques Guedes — O Dr. Pacheco? O 24 Horas quase que o apanhava por ele pôr como direitos de autor as conversas com o Lobo Xavier na SIC!
Manuela — Era eu ministra. Foi preciso afinar a doutrina. Eu também apanhava por causa do meu programa na Rádio Renascença. Agora somos todos artistas para efeitos fiscais.
Marques Guedes — Santo Deus, se o Fernandes sabe, ainda manda avançar o Cerejo.
Manuela — Não se preocupe por aí, embora tenha havido um do Público que reclamou e levou sopa.
Marques Guedes — Dr.ª Manuela, o que me está a preocupar é a aprovação da flat tax. Vão já dizer que é o lobby do Dr. António Borges a querer pagar menos IRS à custa da classe média que a Senhora disse que ia defender.
Manuela — Eu aprovei isso? Ai que o Pacheco anda a fazê-las pelas costas…
6 comentários :
A brincar se dizem as verdades!
Muito bom. Parabéns.
Caro Miguel, estou aqui em pulgas para ler um post seu dedicado ao excelente desempenho dos estudantes portugueses nos exames de matemática, e ao sucesso inegável de mais uma extraordinária reforma governamental.
Caro Luís, as suas preocupações com a educação são as minhas. Embora não conheça os enunciados das provas em questão, há um aspecto que me deixa perplexo:
1. A Sociedade Portuguesa de Matemática que aparece a contestar as provas é a mesma Sociedade Portuguesa de Matemática que incumbiu dois dos seus membros de fazer parte da equipa que elaborou as provas;
2. Esses dois membros da Sociedade Portuguesa de Matemática concordaram com o teor das provas;
3. Subitamente, a Sociedade Portuguesa de Matemática aparece agora a discordar das provas.
Foi preciso a Sociedade Portuguesa de Matemática conhecer os resultados das provas para decidir como actuar? Se os resultados tivessem sido maus, questionava-se o ensino? Como não foram maus, questiona-se o grau de dificuldade das provas?
Miguel, quanto à educação em geral sou tão apaixonado como o engenheiro Guterres, mas parece-me que aqui há informações contraditórias: ainda ao fim da tarde ouvi uma associação de professores de matemática queixar-se de que não tinha sido consultada para avaliar a prova. E também esses lamentavam o excesso de facilidade do inquérito.
O extraordinário é que os próprios miúdos num telejornal da RTP (que é, como você sabe, "informação de referência") reconheciam isso. De repente pareceu-me que todos tinham sido contaminados pelo gene atilado dos nossos pequenos emigrantes de Leste. Será que aquelas crianças não viram o Euro nem foram à praia e passaram mesmo semanas a eito a estudar? Ou a RTP teria entrevistado só crianças excepcionais — talvez os petizes do nosso ministro Manuel Pinho?
Mistérios, que não irão certamente perturbar a nossa marcha para o progresso.
Tiro-lhe o meu chapéu !
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