sexta-feira, julho 11, 2008

Leituras (mais um artigo de opinião)

Francisco Almeida Leite, Estilo gongórico trai Rangel na estreia (no DN sem link):
    «Costuma dizer-se que "não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão". Paulo Rangel passou os mais de 40 minutos do discurso de José Sócrates no debate do Estado da Nação, ontem na Assembleia da República, quase sem tomar notas e muito interessado em passar os olhos pelo discurso que depois levaria ao púlpito.

    Quando finalmente teve os seus primeiros cinco minutos como líder parlamentar do PSD num frente-a-frente com o primeiro-ministro perdeu-se numa espécie de enquadramento daquilo que pensa vir a ser o seu papel futuro. Depois de ter saudado Sócrates "pessoal e institucionalmente", Rangel disse que estava ali para "fiscalizar a acção do Governo" e garantiu a pés juntos que o discurso que acabara de ouvir não era o de um primeiro-ministro, mas de um secretário-geral do PS: "Não espere que o interrogue nessa qualidade".

    Só que Sócrates é ao mesmo tempo a duas coisas e não se esperava que num debate destes se abstivesse de defender a sua dama e deixasse de apresentar propostas. E fê-lo bem. Após três perguntinhas apenas de Rangel (sobre a reforma do arrendamento, o desemprego e o investimento público), Sócrates acabou por arrasá-lo logo na estreia: "sou primeiro-ministro há três anos e o PSD já mudou de liderança parlamentar três vezes. E cada vez que muda, o que sinto não é uma evolução, é um regresso".

    Antes, Rangel tinha dito que "o PSD não está contra as Obras Públicas em geral nem contra nenhuma em concreto", deixando um pedido ao primeiro-ministro: "é muito simples, é trazer uma folha A4 ao Parlamento que diga que ao investimento A corresponde o encargo financeiro X". A tirada seria boa, caso Sócrates não tivesse uma jogada na manga. "O sr. deputado não quer ir à Internet, muito bem, eu trouxe os estudos".

    Sócrates exibiu os estudos impressos que Manuela Ferreira Leite tanto reclamara, e que agora Rangel repetia, só que, afinal, eram relativos a 2003 e 2004. Um ponto onde Rangel revelou pouco jogo de cintura e que resume o seu estilo. Em vez de aceitar os estudos trazidos pela mão de uma funcionária parlamentar e que Sócrates tinha pedido para entregar, declinou a oferta, escudando-se no regimento parlamentar, que obriga a que sejam entregues à mesa da presidência da AR. Podia ter brilhado, ter dito "finalmente!" podia ter agradecido ironicamente, lembrando que lhe convinha consultar os estudos a partir de 2005, mas não. Ficou-se pelo cinzentismo de uma resposta regimental.

    Quando subiu ao púlpito falou melhor, sem ser de improviso, mas usou e abusou de expressões demasiado gongóricas, que nem a sua bancada parece apreciar. A sombra do ausente Pedro Santana Lopes veio ao de cima, mostrando que quem ganhou com a saída deste foi Paulo Portas.»

6 comentários :

Anónimo disse...

Salvaguardando a distância do tempo, ao ouvir Paulo Rangel lembrei-me de Camilo Castelo Branco e da sua novela A Queda de um Anjo. Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado de Agra de Freima, nascido na aldeia de Caçarelhos, termo de Miranda, não faria melhor.

A.Teixeira disse...

Depois do Miguel Abrantes ter sistematicamente procurado transformar Francisco Almeida Leite (FAL) num “palhaço”, através do que aqui tem escrito no seu blogue:

http://corporacoes.blogspot.com/2007/10/quem-tramou-o-fal.html

http://corporacoes.blogspot.com/2008/01/presso-total-disse-o-fal.html

http://corporacoes.blogspot.com/2008/01/o-inverno-longo-do-nosso-contentamento.html

http://corporacoes.blogspot.com/2008/02/pode-gente-confiar-nesta-gente.html

http://corporacoes.blogspot.com/2008/02/da-srie-frases-que-impem-respeito-127.html


Quer o Miguel Abrantes “recuperá-lo” e que o levemos a sério agora, apenas porque ele parece ter-se passado para “a oposição à oposição” e agora crítica Paulo Rangel?

Quererá assim o Miguel Abrantes convencer-nos que mudou de opinião e que o “palhaço” deixou de o ser porque alterou a sua posição relativa em relação ao governo? Quem será o “palhaço” depois disso?

Anónimo disse...

Democracia de Chevrolet
Escrito por: Yoani Sanchez en Generación Y , Julio,11,2008


Sesiona por estos días una nueva reunión de la Asamblea Nacional. Sin embargo, lo que pasa en el interior del Palacio de las Convenciones no genera muchas expectativas entre los cubanos. Ni siquiera la confesión oficial del bajo nivel de los profesores de la enseñanza media y primaria logra que nos sintamos representados. Desde hace años los padres nos hemos quejado -sin ningún resultado- del desastre educativo generado por la presencia de jóvenes, sin mucha preparación, al frente de las aulas. Sólo ahora, las comisiones parlamentarias lo reconocen.

Bajo ese mismo efecto de cámara lenta nos llegan promesas de materiales de construcción, de licencias a todos los que quieran usar su auto como taxi y de más productos, en el mercado racionado, para los recién nacidos. Todos estos anuncios los hemos acogido como el hambriento al que se le ofrece, solamente, un vaso de agua. Pero aclaro que no nos sentimos decepcionados, no esperábamos demasiado de este parlamento que hoy se reúne.

Quizás si la Asamblea Nacional sesionara en el interior de uno de esos chevrolet que circula por las calles habaneras se atrevería a exigir lo que realmente queremos. Sólo en los vetustos asientos, amparados por el anonimato y protegidos por la velocidad, logramos exteriorizar lo que no nos gusta. Créanme que lo dicho en esas viejas latas rodantes no se queda en las críticas a la imposibilidad de comprar arena o cabillas, ni en los pedidos de más tela para hacer pañales. En medio del traqueteo de los motores de petróleo y de las puertas chirriantes, ocurre otra sesión parlamentaria: más pequeña, con menos poder, pero –indiscutiblemente- más auténtica.

Miguel Abrantes disse...

Caro A. Teixeira,

Quando chamo a uma notícia escrita por um jornalista ‘artigo de opinião’, pensei que se percebesse que aquilo não é jornalismo. Vejo agora que tenho de treinar mais em casa o sentido de humor antes de me aventurar na blogosfera…

Em todo o caso, nem discordo em absoluto do ‘comentário político’ do FAL. Suspeito que, no estilo, Paulo Rangel se inspirou no século XIX.

Anónimo disse...

Tudo conspira para uma nova maioria. A escolha de Paulo Rangel não foi vã.

Edie Falco

Anónimo disse...

Estou farto, fartissimo, de chamar a atenção da “jangunçada” que impera no País e cada vez pior.

Em 1ª linha, o responsavel é o Governo, o ministro da Adm Interna é um perfeito totó, não tem “QUEDA” para o tema, mas o maior responsavel é o garante da defesa interna e enterna dos Portugueses, que dá pelo nome “Comd. em Chefe das Forças Armadas” que é o PR.

Chicago a uma miragem comparado com Portugal.

Nem sabem quem elas são nem o que fazem