A masoquista [2]

A verdade é que a Dr.ª Manuela, que esta semana andou em tournée pelo Minho (no feudo de Santana), compareceu também a um encontro dos trabalhadores do PSD (que também os há, consta). E falou.

Primeiro, para dizer que está contra a auto-estrada do Litoral. O João Miranda continua a esta hora a tentar perceber as palavras de Ferreira Leite: “É que o governo de que Manuela Ferreira Leite fez parte adjudicou partes da auto-estrada Litoral Centro, paralela à A1.”

Eu próprio fiquei perplexo com esta guerra lançada pela Dr.ª Manuela, quando soube que faltam seis-quilómetros-seis para concluir a dita auto-estrada:

“Ficam a faltar seis quilómetros na A29 para existir uma segunda ligação em auto-estrada entre Lisboa e Porto, alternativa à A1. Estes seis quilómetros – entre Angeja Poente e Estarreja, no distrito de Aveiro, uma concessão da Aenor – asseguram a continuação da A17 e deveriam ficar concluídos em 2008. De Sul para Norte, basta usar a A8 até Marinha Grande Este (Barosa), transitando depois pela A17 até Angeja Poente. O percurso em auto-estrada é retomado seis km depois, em Estarreja. Trata-se da A29, também designada concessão da Costa de Prata, e segue até ao Porto.”

Será possível que Pacheco Pereira tenha fixado este objectivo de luta tão ambicioso? O PSD vai lutar até à morte contra a construção de seis (1, 2, 3, 4, 5, 6) quilómetros de auto-estrada?

Mas a Dr.ª Manuela falou também do IVA. Quer ardentemente alterar o prazo de pagamento do IVA. Não é estranho que uma pessoa que andou tantos anos pelos corredores do Terreiro do Paço não saiba que esse gesto de boa vontade não depende do Governo português, pois sendo o IVA um imposto comunitário não pode ser mexido como quem vai discutir o preço da abóbora ao mercado?

Que se passa consigo, Dr.ª Manuela? O Dr. Menezes foi à vida, mas deixou à solta pela São Caetano o vírus do populismo? Lá que parece, parece. E, num encontro com os trabalhadores do PSD, nem uma palavrinha sobre o Código do Trabalho não lembrava ao careca, como costuma dizer o Prof. Marcelo. Mas lembrou a Pacheco Pereira.