- “Desde logo porque, pense-se na crise actual, sendo a incerteza construída, ao contrário do que acontece nas catástrofes naturais, é difícil identificar com exactidão as suas causas. Em parte importante porque os peritos aos quais deveríamos ter recorrido para explicar o que se está a passar, foram os mesmíssimos que controlavam a gramática dominante e falharam na “previsão”. As consequências são profundas, se não há responsáveis, podemos falar de um quadro de “irresponsabilidade organizada”, que é a mais brutal das tiranias.
O que fazer perante este contexto? Há duas respostas frequentes, ambas recorrem à tradição e tendem a estar condenadas ao fracasso. A primeira é a de considerar os riscos conjunturais e insistir nas soluções até então mobilizadas (o caso dos que, perante a actual crise, reagem à criação de novos mecanismos de regulação); a segunda consiste em recorrer a soluções que funcionaram no passado, mas que não se ajustam ao novo contexto (ex. o regresso anunciado das soluções keynesianas tal como usadas durante os “trinta gloriosos”).”
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