segunda-feira, novembro 24, 2008

O Público mente aos seus leitores



Ontem, fui ler um estudo de Marco Lisi na Análise Social, ao verificar que a secção "Destaque" do Público (págs. 2 a 5) invocava esse estudo para fazer comentários alucinantes. Concluí que, salvo o nome do investigador do Instituto de Ciências Sociais, tudo o resto é uma invenção do Público. Mais uma vez.

O leitor poderá verificar isso mesmo, seguindo o link para o estudo de Marco Lisi. Mas aqui deixo quatro excertos para quem não estiver disposto a ler o estudo:




    Resumindo: é possível distinguir duas fases na organização das campanhas socialistas: a primeira situa-se entre 1976 e 1995, enquanto a segunda abrange o período entre 1995 e 2005. [p. 11]

    Segundo a opinião dos dirigentes entrevistados, o consultor externo (LPM) planeou a campanha eleitoral e ocupou-se da concepção do material publicitário e de delinear a estratégia de comunicação. As propostas eram avaliadas dentro da comissão executiva da campanha, mas a decisão final competia directamente ao líder do partido. [p. 16]

    No caso do PS, a hipótese de uma adesão dos partidos das democracias recentes à profissionalização da política verifica-se apenas parcialmente. De facto, apesar de o marketing político assumir uma importância crescente, o recurso a consultores e agências depende, em grande medida, da vontade do líder e dos factores conjunturais das campanhas. (…) Neste sentido, a experiência do PS aproxima-se do caso do Partido Socialista espanhol, em que a evolução das campanhas eleitorais não teve um impacto significativo sobre a transformação organizacional, como aconteceu, por exemplo, no caso do Labour Party. [p. 23]

    Apesar de não existirem estudos aprofundados sobre os outros partidos portugueses, quer os estudos sobre a comunicação política, quer as investigações sobre comportamento eleitoral, sugerem que o fenómeno da personalização e da concentração de poderes nas mãos do líder é uma característica não só do PS, mas também dos outros partidos, em particular do PSD (Jalali, 2006). Foi neste partido também que se recorreu, antes dos socialistas, à utilização de especialistas e de consultores externos para melhorar a organização das campanhas e o desempenho dos candidatos. [p. 24]

5 comentários :

A. Moura Pinto disse...

Eu tb li e, na minha modesta opinião, é uma não notícia. O estudo citado foi um pretexto. A finalidade eram as bicadas a uns profissionais da comunicação institucional, de algumas agências de comunicação, por boas ou má razões. E está tão clarinho que chega a parecer estupidez. Se é que não é.

Anónimo disse...

Acabei de ler o estudo de Marco Lisi e ainda estou de boca aberta de espanto perante a desfaçatez do senhor Felner e do Público. O artigo do jornal (jornal?) nada tem a ver com o estudo. Que vergonha...

Anónimo disse...

Agora é que o Director do Público devia escrever um comentario a ver se era capaz de desdizer isto.

Anónimo disse...

O Público perdeu a vergonho toda.

Anónimo disse...

Por que não desmentem o que publicaram.... saudades do Público...