- «(...) O debate “Prós e Contras” na RTP ontem à noite foi revelador de várias coisas. Revelou que há professores que não sabem ler ou não compreendem (ou querem compreender) as leis que regulam a sua avaliação de desempenho; que, provavelmente – a perceber pela reacção do dr. Mário Nogueira -, os sindicatos, em vez de ajudarem a esclarecer os professores nas dúvidas que existam neste domínio (não é para isso que eles deviam servir?), alimentam provavelmente a confusão, o medo e a irracionalidade individual e colectiva; que há professores que aparecem na televisão aos berros e a dizer “tretas”¹ e depois queixam-se que lhes falta autoridade para lidar com os miúdos; que há professores que se queixam de itens de fichas de avaliação por motivos, no mínimo, infantis (não me parece normal um professor de Filosofia achar uma “treta” a valorização do uso das tecnologias da informação, tendo em conta, por exemplo, os recursos informacionais hoje disponíveis na Internet para os miúdos)…
(...) Sobretudo, ficámos a perceber que muitos professores - a maioria? - não quer ser avaliado segundo as regras deste Estatuto da Carreira Docente: querem, sim, regressar ao modelo anterior, no qual todos progrediam até ao topo da carreira. Como eu os compreendo. Que, como sublinhou Maria do Céu Roldão, isso faça deles uma excepção nacional (comparando com outras profissões) e internacional, não interessa nada. Justiça inter-profissional e o facto de um professor português no topo de carreira ser um dos mais bem pagos do mundo (em paridades de poder de compra) é, para eles, irrelevante. Esta é, afinal de contas, a mensagem inscrita na fórmula nacionalmente conhecida por “educação do meu umbigo”».
¹ Isto fez-me lembrar o que li na Visão desta semana. Transcrevo mais logo, quando chegar a casa.
4 comentários :
Tudo bem, mas fica uma dúvida: por que será que nenhum Professor se manifesta a defender a Ministra?
Uma reforma tão óbvia, tão evidente, tão justa, forçosamente terá que ter alguns apoiantes de consciência (ainda que não de interesse) na classe dos Professores! Ou será que são todos uma cambada de vadios, insensíveis e incompetentes? Ninguém quer ver-se distinguido pelo seu mérito, NINGUÉM JÁ TEM BRIO?
Sinceramente, não consigo compreender. Eu, que também cheguei (ainda que por breves "instantes"...) a ser Professor do Ensino Básico oficial...
Ao anónimo anterior eu ousaria dizer que, naquele debate, uma professora chegou a ter a "ousadia" de falar em pressões e, mais, em ameaças físicas para quem não é alinhado.
E só quem não entende o que podem ser as consequências do corporativismo é que pode ter estas reacções.
Quer então dizer o A. Moura Pinto, por outras palavras, que o regime de autoritarismo e de falta de liberdade não é afinal o do Ministério, mas sim o dos Sindicatos?
Confesso que continuo a não compreender. Ninguém é obrigado a sindicalizar-se. Ninguém precisa de pedir autorização ao Sindicato para manifestar opiniões. Serão TODOS E CADA UM dos Professores, para além do mais, uns cobardes?
Começo a inclinar-me mais para outra hipótese: só é professor mesmo quem vendeu a alma ao Diabo, por saber que não tem qualquer outra hipótese no mundo profissional! Será o panorama tão aterrador a este ponto?
Para mim, pelo menos, que tenho dois filhos prestes a entrar no sistema de ensino...
Ant.º das Neves Castanho (autor também do primeiro comentário).
Caro Moura Pinto:
"Ao anónimo anterior eu ousaria dizer que, naquele debate, uma professora chegou a ter a "ousadia" de falar em pressões e, mais, em ameaças físicas para quem não é alinhado."
Fique o senhor sabendo que essa senhora queixou-se daquilo que faz na sua Escola - pressões sobre os avaliadores, proibição de reuniões de docentes, ameças de processos displinares e afins.
Quer que lhe diga em que Escola ela trabalha?
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