O cenário do PSD aquando da aprovação do OE para 2009

A oposição comporta-se como se ainda não se tivesse apercebido da dimensão da crise económica e da falência dos instrumentos de previsão devido à turbulência dos mercados. Mais: parece que a oposição se esqueceu das próprias previsões que fazia há um mês.

A Dr.ª Manuela anda esfusiante com as falhas de previsão. De tão massacrada que tem sido, abstive-me de comentar as suas gaffes posições sobre a alteração do Orçamento do Estado. Mas não resisto quando leio que o extraordinário António Borges — que pensei definitivamente atirado para as catacumbas desde que Pacheco o instou a candidatar-se a Lisboa — saiu do baú, limpou o pó e aí anda ele novinho em folha:

“A credibilidade do Governo para traçar um cenário, preparar um orçamento, dar algumas balizas aos portugueses para que possam melhor reagir à crise está completamente em estilhaços”.

Acontece que o “cenário” traçado pelo Governo não era assim tão diferente do traçado pela Dr.ª Manuela: onde o Governo falava num crescimento do PIB a uma taxa de 0,6 por cento, contrapunha a líder do PSD um crescimento com apenas menos três décimas (e só por razões de segurança): “Por uma questão de segurança, dificilmente admito que o crescimento possa ser superior a 0,3”.

Mas o Dr. Borges, agora afastado dos negócios, não se preocupe com as capacidades da Dr.ª Manuela: as sucessivas revisões das previsões económicas por parte das instituições internacionais (Comissão Europeia, OCDE, FMI…) mostram, como dizia ao fim da tarde um professor do Instituto Superior de Economia e Gestão na SIC-N, que se assiste à “instabilização dos parâmetros”, o que está na base da actual falência das previsões económicas.