terça-feira, fevereiro 17, 2009

A palavra aos leitores

    «Segundo o Público, com chamada na primeira página, “António Vitorino criticou implicitamente o Governo” por cauda da ineficácia e inadequação da Justiça à sociedade, e, sem essa chamada, avisa que o “Ministério Público tenta evitar arbitrariedades”, embora o Procurador Geral da República não tenha pedido até agora a constitucionalidade do novo Estatuto do Ministério Público – colocando noutras páginas bem mais interiores, e sem qualquer destaque na primeira página, três notícias interessantes: “Líder khemer vermelho impávido no início do julgamento” de responsáveis por regime que matou 1,7 milhões de pessoas no Camboja, “Fraudes na reconstrução do Iraque pelos EUA podem ser maiores que a de Madoff” e “O mundo sob ameaça de passar por uma década perdida semelhante à do Japão”.

    Por seu lado, e segundo o Diário de Notícias, Manuel Alegre afirmou-se contra “as directas” que serviram para reeleger Sócrates, porque “todo o debate fica muito centrado nas pessoas e pouco nas ideias”.

    Começando por aqui, deparamos com três equívocos: Manuel Alegre extremou as suas divergências políticas face a Sócrates nos tempos próximos que antecederam o recente acto eleitoral interno, mas não avançou a devida candidatura alternativa; Alegre assenta-se num milhão de votos presidenciais-pessoais que agora não quis medir no seio dos filiados-eleitores do PS; e Alegre não se dá conta de que ele mesmo está a aparecer como exemplo da fulanização da política e respectiva rentabilização eleitoral em seu favor, exercício que para alguns tem pouco de republicano.

    Quanto ao Público, é o costume: destaca o que pode aparecer como “incriminação” do Governo, faz de conta que Pol Pot & Cª não tiveram e têm amigos e admiradores em Portugal, assim como o regime do Camboja, põe cara de inocente diante das vigarices e negociatas da administração Bush no Iraque, e faz de conta, no seu diligente e quotidiano noticiário económico e social sobre o nosso país, que Portugal não é nem está no mundo que visto isso está ameaçado de passar por uma década perdida…

    Essas e outras dão pena! – e a vontade de resistir.
    »
      Manuel T., Santa Maria da Feira

Sem comentários :