quinta-feira, fevereiro 26, 2009

A palavra aos leitores

Contributo de Manuel T., de Santa Maria da Feira, sobre a "ECONOMIA REAL" [3]:
    "Logo no primeiro dia da semana, pelas sete e pouco da manhã, quando chegaram os pimeiros trabalhadores ao café vizinho da fábrica, para a cavaqueira que faz acordar de vez e até dá força para mais um dia no duro, se notou que ali havia coisa: portaria sem a segurança habitual, portôes fechados, tudo apagado, nenhum barulho de máquinas que têm de aquecer um bocado antes de cairem as oito horas...

    Uma espreitadela rápida à casa-quinta do patrão deu logo para ver, com tudo tão fechado, silencioso e meio escuro, que se tinha posto ao fresco.

    Comunicada a ocorrência ao sindicato, a mensagem foi simples e clara: a gente vai já para aí, é preciso que toda a gente não arrede pé de junto do portão da fábrica ...
    Ao meio da manhã já não faltavam tarjas, bandeiras, cartazes e toques de telemóvel de camaradas da classe operária, nem jornais, rádios e televisões...

    Entretanto fez-se logo ali um plenário, apalavraram-se as intervenções que seriam metidas nos directos da televisão e, chegada a hora, uma trabalhadora lamentou ter dado os melhores trinta anos da sua vida a uma fábrica que nunca deu prejuízo e agora foi fechada nas costas das pessoas, o delegado sindical considerou ilegal o fecho de uma fábrica a que não faltam encomendas, matérias primas e máquinas modernas, e o dirigente sindical exigiu medidas do governo.

    Desmobilizada a concentração, a Veva perguntou à Tona:

    - Se temos encomendas e a fábrica por nossa conta, porque é que não andamos como aquelas trabalhadoras lá de cima do Minho, a quem o patrão delas fez o mesmo há uns anos e elas assumiram a produção até hoje?

    - Se o sindicato não falou disso – esclareceu a Tonas - é porque não é por aí que nós defendemos os nossos postos de trabalho e os nossos direitos...

    (Na televisão, um “defensor dos trabalhadores” reclama medidas políticas, económicas e sociais de ataque à crise – mas esquece os tempos em que “auto-gestão” e “controlo dos meios de produção” eram apresentados como escadas para o “sol” redentor...
    Outros tempos!)
    "

1 comentário :

Anónimo disse...

Saudades do PREC?