Explicação possível para os “lapsos” que se sucedem

Quando a Dr.ª Manuela disse que os investimentos públicos só servem para dar emprego a ucranianos e cabo-verdianos, isso foi tido como um lapso — e não como uma atitude xenófoba. Ontem, a Dr.ª Manuela repetiu a dose: quer investimentos que apenas recorram a “mão-de-obra nacional”. Para além de revelar um grande desconhecimento do tecido socioeconómico, tratou-se de um novo lapso?

A verdade é que a facção que segura a Dr.ª Manuela no PSD vem revelando estranhas coincidências ideológicas com o PNR. Basta ler o boletim “Terra Portuguesa” para perceber quão querida é a luta de Graça Moura contra o acordo ortográfico aos “nacionalistas” portugueses. Ou para verificar como tem agradado ao PNR a defesa encarniçada que Pacheco Pereira faz da liberdade de expressão quando alguém questiona se é admissível identificar os imigrantes (pretos) com o desemprego e a criminalidade e, por isso, merecedores de serem expulsos a pontapé (ou coice) por brancos.

Talvez esteja aqui o segredo da estratégia do PSD para este ano eleitoral. Se o PSD sozinho, dirigido por Ferreira Leite, a nada pode aspirar, um forte aliado perfila-se no horizonte: nada mais, nada menos do que o fogoso PNR.