terça-feira, maio 19, 2009

Leituras

• Manuel Esteves, Geni e o Zepelim:
    «A Segurança Social vai sair desta crise com um elevadíssimo défice, que pode ser ainda mais expressivo caso sejam aprovadas as medidas aventureiras que alguns reclamam. Curiosamente, os mesmos que dentro de alguns anos voltarão à carga com o discurso da insustentabilidade do sistema e a defesa da sua privatização. É como na canção "Geni e o Zepelim, de Chico Buarque: a Geni, a quem todos queriam "jogar pedra", torna-se, nos momentos de aflição, naquela que "nos pode salvar". Mas no fundo ela "é feita para apanhar".»
• Pedro Adão e Silva, Sair, ficando:
    “É preciso que os portugueses, e nomeadamente os que votaram PS mas que agora se sentem menos ou nada inclinados para voltar a fazê-lo, por um lado, sintam que o regresso do PSD ao poder é um mal maior do que um novo Governo PS e, por outro, que os socialistas se revelem capazes de apresentar um programa de resposta à crise económica e social, para além das soluções de emergência que têm dominado a agenda. Manuel Alegre, simpatizemos ou não com o seu percurso político e com as suas opções recentes, pode ser determinante para o PS concretizar este duplo objectivo. O que só serve para provar que, por vezes, estar fora acaba mesmo por ser a melhor forma de ter mais peso interno.”
• Pedro Magalhães, Num país a sério [Pacheco sovado e abandonado em estado de coma]:
    «Finalmente, num país a sério, o repetido recurso a falácias argumentativas sobre as questões da "responsabilidade individual" já teria sido de tal modo sancionado pública e intelectualmente que certamente as ouviríamos com menos frequência. Já não ouviríamos dizer, por exemplo, que procurar explicar as causas do terrorismo significa defender os terroristas. Que conhecer e compreender as causas do insucesso escolar significa defender o "facilitismo" nas escolas ou impedir o reconhecimento do mérito individual. Que discutir as causas do crime e procurar agir sobre elas impede de alguma forma que se defenda a vigilância das zonas perigosas ou a repressão da criminalidade. Que constatar a baixíssima relação custo/benefício que a investigação sobre o tema mostra entre o investimento em (caras) medidas securitárias e a redução do crime significa abandonar o policiamento ou reduzir as penas. Ou que constatar que um fenómeno qualquer tem causas sociais, políticas e económicas significa desculpar comportamentos individuais inaceitáveis. Mas numa coisa Pacheco Pereira tem razão: deste e doutros pontos de vista, Portugal não é mesmo um país a sério. Se fosse, eu não teria de ter escrito este artigo.»

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