quinta-feira, julho 30, 2009

Leituras

• António Costa, O exame de Ferreira Leite:
    Depois, tem outra fragilidade comparativamente a Sócrates, e que pode fazer a diferença na campanha eleitoral: por feitio, por forma de ser, aponta o que considera serem os erros de política do Governo, constata as dificuldades do país, mas a resposta parece ser sempre a resignação, mesmo quando apresenta linhas políticas alternativas.
• João Cardoso Rosas, A vergonha de ser direita:
    O partido mais representativo da direita portuguesa, o partido de Ferreira Leite, chama-se "Social-Democrata", ou seja, tem a designação habitual dos partidos da esquerda socialista na Europa.
• João Pinto e Castro, Pés no chão, cabeça no ar:
    Um país distante dos centros gravitacionais do poder económico europeu só pode contrariar a sua excentricidade transformando-se numa plataforma (ou "hub", como agora se diz) capaz de potenciar a sua articulação com outros centros externos ao Continente. O modo como isso se faz muda continuamente, e, em certas circunstâncias, de forma súbita: situados em corredores de transição de um para outro centro de atracção, os "hubs" são pontos sensíveis e frágeis das redes mundiais de trocas, sujeitos a perturbações bruscas que, por vezes, os forçam a modificar rapidamente a sua vocação, atravessando com regularidade fases críticas de regressão.

    Do que não há dúvida, é que um país com estas características tem de ser capaz de pensar a sua inserção estratégica nas redes mundiais de circulação de pessoas, mercadorias, informação e conhecimento. Ora, os instrumentos cruciais para o cumprimento desse propósito são, nos dias que correm, de três tipos: em primeiro lugar, aeroportos, portos e serviços conexos; em segundo lugar, universidades e centros de investigação; em terceiro lugar, infra-estruturas capazes de suportarem uma oferta turística variada, atraente e crescente.

    Quem entende isto não faz perguntas absurdas sobre a relevância do investimento em aeroportos, terminais de contentores, comboios de alta velocidade, Internet de banda larga, literacia digital ou estradas para a competitividade nacional, nem insiste em avaliar projectos nessas áreas ignorando as correspondentes externalidades com o argumento de que é impossível quantificá-las com rigor.

    A análise custo-benefício tão cara a alguns economistas obriga à quantificação de ganhos que, pela sua própria natureza, não têm preço. Logo, só fará sentido se previamente nos pusermos de acordo sobre a relevância de certos propósitos para o nosso viver colectivo. Sucede que isso exige a clarificação de um desígnio nacional, isto é, de uma visão do que é necessário fazer para sermos um país viável e próspero. Sem estratégia nacional, não há análise custo-benefício que nos valha.

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