domingo, agosto 30, 2009

Leituras

• Emídio Rangel, Tudo como dantes:
    O programa foi apresentado a um mês das eleições, ou seja o mais tarde possível, mas na hora de analisar o seu conteúdo constata-se que a ‘montanha pariu um rato’. Não há nada para ser copiado e pouco ou nada para ser adoptado. Os portugueses têm de ser perspicazes para não caírem no conto--do-vigário. Têm de ponderar bem os reais interesses do País para depois apoiarem ou rejeitarem as soluções que aparecem.
• Fernanda Palma, Estado de Compaixão:
    (…) a compaixão mostra que a lógica da vingança e do ódio – cuja expressão máxima é a lei taliónica – não tem cabimento nos Estados de Direito democráticos. Essa lógica não estimula o terrorismo; dissuade-o através da demonstração de valores culturais superiores.
• Pedro Marques Lopes, Intenções:
    O programa do PSD não é, a bem da verdade, um calhamaço de propostas. São apenas quarenta páginas de intenções vazias de conteúdo.

    Para quem tinha prometido um programa diferente, com soluções concretas para os problemas do País - definidos agora como verdades - soa a pouco, muitíssimo pouco.
• Vital Moreira, A “direita raivosa”:
    Para além da questão do elevado custo fiscal e orçamental da universalização do seguro de saúde, a principal controvérsia decorre da proposta de criação de uma alternativa pública de seguro de saúde, em competição com as seguradoras privadas e capaz de oferecer propostas menos onerosas e mais favoráveis aos cidadãos, poupando simultaneamente nos custos globais do sistema.

    É contra esta ideia em especial que se unem o fundamentalismo da direita norte-americana contra a intervenção e regulação pública e o interesse dos grupos privados em manterem a rendosa coutada do negócio da saúde. Num país onde a noção de direitos fundamentais não inclui os direitos sociais, os cuidados de saúde são encarados pela ideologia de direita dominante como outra qualquer mercadoria, fora da esfera da intervenção pública. Os interesses afectados não poupam recursos na guerra a esta ameaça. Trata-se de um teste fundamental para Barack Obama e o seu projecto de mudança social nos Estados Unidos. Como disse Paul Krugman numa das suas ultimas crónicas no New York Times, Obama não previu a oposição de uma "direita raivosa", que não cede nos seus dogmas contra a intervenção pública naquilo que considera reserva privada, nem está disponível para financiar com os seus impostos os programas sociais públicos, nem sobretudo consente que molestem os interesses económicos que ela representa e protege.

1 comentário :

Pedro Carvalho disse...

Nesta (sempre) oportuna resenha de imprensa, falta citar Vasco Pulido Valente que, no Público de hoje, diz que a II Guerra Mundial "começou há 30 anos"(?!)... Um erro destes qualquer um tem. Mas quantos whiskies terá bebido o responsável do jornal que escolheu precisamente essa citação para ilustrar a página on line?