sexta-feira, outubro 16, 2009

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• Fernanda Câncio, Jornalismo, mentiras e Belém:
    Porquê? Explica José Manuel Fernandes: "Um membro da Casa Civil do PR confirmou formalmente ao Público (...). No dia em que uma fonte autorizada(...) assume que no Palácio de Belém se suspeita de que o Governo montou um sistema para vigiar os movimentos do Presidente, essa informação tem uma tal importância e gravidade que só podia ter o destaque que teve." Ignoremos que esta "notícia", a qual segundo Fernandes "estava a ser investigada há ano e meio", não só não continha qualquer reacção do acusado, o Governo, como se escusava a concretizar a forma da qual se revestiria o tal "sistema de vigilância" e quem dele se ocuparia; concentremo-nos na "autorização" e no "formalmente". Se quase toda a gente, após a publicação do mail, se convenceu de que a fonte "autorizada" era Lima, Fernandes nega-o. No dia seguinte ao da comunicação de Cavaco, o seu editorial é claríssimo: "'O PR não desautorizou ontem os membros da Casa Civil que falaram ao Público: disse que só ele fala em seu nome - ele e os chefes da Casa Civil e da Casa Militar."

    O que Fernandes nos anda a dizer há semanas é que quem "confirmou as suspeitas" ao Público foi uma ou mais dessas três pessoas. Ou seja, o próprio Presidente. Claro que Fernandes pode estar a mentir. Mas e se não estiver? Como muitas outras perguntas que o caso suscita, esta deveria estar a ser objecto de séria investigação jornalística. Porém, desde que Cavaco falou, os chamados "fluxos noticiosos" desviaram-se do assunto. Watergate é, está visto, uma coisa para a América, para filmes e para escolas de jornalismo. Bigger than life. E nós somos pequenos.

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