terça-feira, dezembro 15, 2009

Leituras

• Adriano Moreira, O Conselho de Estado:
    O FMI, descuidado de ter maneiras, desembaraçou-se a dar conselhos políticos, sem indicar o método. É tempo de o Conselho de Estado ser chamado a acompanhar o Presidente da República na avaliação da inquietante circunstância que envolve o Estado e a sociedade civil, e na definição da acção presidencial mais eficaz no sentido de evitar o progresso da erosão da harmonia e bom funcionamento dos órgãos de soberania, do bom desempenho dos aparelhos de intervenção, e da visível quebra da confiança pública.
• Mário Soares, Pessimismo nacional:
    É evidente que vivemos um período de crise estrutural, que vem de longe, e global, que foi importada. Devemos, lucidamente, lutar contra ambas. Mas comparativamente aos nossos parceiros europeus nem sequer estamos piores do que muitos deles: a nossa vizinha Espanha, a Grécia, a Irlanda, os países Bálticos ou até a Itália... Não é motivo, claro, para nos alegrarmos com o mal dos outros. Mas é necessário que tenhamos o sentido da relatividade das coisas e não exagerar o pessimismo, sobretudo, sem termos alternativas para apresentar ou coragem de apontar os responsáveis.

    (…)

    Para além disso, criaram-se sindicatos de juízes e sindicatos do Ministério Público. Aí não tive qualquer responsabilidade. Sou partidário, claro, da existência de sindicatos fortes, livres, independentes dos partidos e intervenientes, em defesa dos interesses dos seus associados. Mas, no caso sob análise, trata-se de sindicatos do poder judicial, um órgão de soberania colectivo. O que faz a sua diferença. Tanto que não há sindicatos dos agentes dos outros órgãos de soberania...

    Contudo, enquanto defendem interesses profissionais (corporativos, para ser mais claro), tudo bem. Mas quando ultrapassam esse nível e entram na discussão política partidária pura, isso, faz-me muita impressão. Como, aliás, os sindicatos da polícia, quando discutem questões que ultrapassam os seus interesses estritamente profissionais...

    Ultimamente temos assistido, através dos órgãos de comunicação social, a intervenções políticas, que me parecem inaceitáveis, da parte dos representantes dos sindicatos da Judicatura e do Ministério Público e até a pequenas insinuações de uns para com os outros. Sem que as autoridades superiores de cada uma delas intervenham, como seria lógico e necessário. Isso não é tolerável. Como não são as fugas ao segredo de Justiça, que só podem vir de quem investiga - e ninguém tem coragem de punir -, embora sejam uma das causas principais do descrédito da Justiça, visto gerarem esses verdadeiros "assassínios cívicos" na praça pública, de políticos e empresários contra os quais - inocentes ou culpados, não se sabe - não se apresentam provas, passam os anos e ficam, quase sempre, impunes...

    Essa escondida conexão entre o poder judicial ou a Polícia Judiciária e alguma comunicação social, "especializada" nas fugas de informação, não só tem desacreditado terrivelmente a Justiça como põe em causa o nosso sistema democrático. Estamos assim a caminhar, insensivelmente, para uma espécie de "italianização" do nosso regime, como aliás aconteceu com a nossa I República entre 1924 e 1926... Os partidos e os órgãos de soberania que se cuidem! Não queiram assumir essa responsabilidade.
• Pedro Adão e Silva, Duvido, logo corruptoDuvido, logo corrupto:
    O problema do combate à corrupção é que as respostas mais eficazes não só não produzem resultados no imediato como têm escassa visibilidade pública. É isto que cria o contexto para que seja possível explorar politicamente uma alegada inacção dos poderes públicos, que de facto não existe. Não por acaso, o combate à corrupção tornou-se num terreno fértil para a demagogia (…).

    (…) os passos que têm sido dados nos últimos anos vão neste sentido. O problema é que é muito mais difícil consolidá-los silenciosamente do que cavalgar a fúria mediática, que tem tanto de populista como de ineficaz.

2 comentários :

Anónimo disse...

O problema é que está em marcha uma camapanha de ÓDIO contra Sócrates, alimentada por umas corporações bem conhecidas e interesses económicos da comunicação social.

Anónimo disse...

o mp deixou de prestar após a casa pia...