quarta-feira, dezembro 23, 2009

Leituras

• João Ferreira do Amaral, Crime e castigo:
    Os Alemães, quando da instauração da moeda única, forçaram a criação de instituições de política monetária que garantissem que o euro fosse uma moeda forte. E fizeram-no de uma maneira subtil. Exigiram que o Banco Central Europeu tivesse como único objectivo da sua actuação a estabilidade de preços e isentaram-no de qualquer responsabilidade no valor da taxa de câmbio do euro em relação às outras moedas, para, assim, retirar qualquer veleidade do BCE de intervir quando o euro se valorizasse de mais.
• Pedro Lains, Ganhar para o susto:
    Não é todavia obrigação dos economistas temerem dívidas e défices, pois eles fazem parte da vida económica normal. Até certo ponto, claro. Aquilo que os economistas devem temer - e mesmo aí não devem ser fundamentalistas - é a inflação. Isso mesmo. Os preços são a alma da economia, sendo eles que ajustam a vida dos agentes económicos no mercado.

    Todavia, apesar dos enormes défices, não há inflação. Isto acontece pela primeira vez na história económica mundial de que conheço registos. É um milagre? Não, não é. A razão é que, precisamente, os estímulos do Estado, isto é dos governos e dos bancos centrais, vieram substituir as despesas de investimento e de consumo dos particulares (e do Estado).

    Recordemos: as despesas privadas retraíram-se, primeiro, por causa das enormes perdas de valor de uma miríade complexíssima de activos financeiros e, segundo, por causa do medo de fazer negócios dada a decorrente incerteza do valor dos activos. Foi por esta segunda razão, aliás, que os estados intervieram.

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