- Anabela Mota Ribeiro — Disse que não foi uma vitória de secretaria. Mas ficou na opinião pública a sensação de que tinha sido, também, por via da intervenção do Governo que a OPA se tinha ganho.
Henrique Granadeiro — Isso não resiste à mais leve análise do ponto de vista económico e financeiro. O Governo tinha uma 'golden share', e quando assumi as minhas funções fui chamado ao senhor primeiro-ministro, que me recebeu juntamente com o senhor ministro das Obras Públicas e Comunicações (que geria as relações da 'golden share'). Queria assegurar, desde ali, que se os accionistas aceitassem a oferta o Governo não usaria a 'golden share' para inviabilizar aquilo que considerava ser uma solução de mercado. O Governo respeitaria a decisão da assembleia-geral, e não a 'golden share'. Na antevéspera da OPA foi-me repetida esta posição por parte do Governo.
É a primeira vez que o estou a dizer.
AMR — António Lobo Xavier, que estava do outro lado, numa entrevista ao Negócios, disse que percebeu que tinham perdido "quando comecei certas alianças e ambiguidades sobretudo de empresas relacionadas com o poder público".
HG — Estas acções [do Estado] não têm chocalho, como as outras, os votos são anónimos. Dizer que houve combinações de bastidores, é tentar reescrever a história Como é que pode haver combinações de bastidores numa empresa em que o capital está disperso como nesta? 33% da PT transacciona na Bolsa de Lisboa, mas cerca de 33% é transaccionado em bolsas europeias, das quais 14% no Reino Unido e 27% em Nova Iorque. Quase 50% dos nossos accionistas são estáveis, de longo prazo. Como é que pode tanta gente ser objecto de manobras de bastidores? Só na mentalidade portuguesa, que está sempre a ver mosquitos na outra banda É impossível fazer jogos de bastidores a 100 mil accionistas! Esta visão conspiratória que [Lobo Xavier] apresenta não lhe fica bem.
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