sábado, maio 08, 2010

Pai, voltei a ver o primeiro-ministro.


Não sei como é que as coisas se passam, mas presumo que todos os partidos e os seus líderes têm canais próprios para comunicarem entre si. Suponho que seja através destes canais (e não na praça pública) que os chamados assuntos de Estado são consensualizados.

É neste contexto que não me parece curial nem útil para o país que conversas entre Sócrates e Passos Coelho possam ser divulgadas em comícios — como se estivéssemos a assistir à reencarnação do consulado menezista. Mas aconteceu.

Se Passos Coelho pretende contribuir para resolver as dificuldades por que passa o país na sequência da crise mundial, o pior que pode fazer é aparecer em público a gesticular: — Pai, voltei a ver o primeiro-ministro.

Acresce que, constando que esteve dois anos a preparar-se para ser líder partidário, é provável que tenha escapado a Passos Coelho que o PSD é que tem feito as alianças mais esdrúxulas: votou favoravelmente medidas que aumentam a despesa (como o acordo sobre a carreira dos professores) e que diminuem a receita (como o chumbo do Código Contributivo e a suspensão do pagamento especial por conta).

Passos Coelho não pode continuar a comportar-se como se estivesse a ver passar os comboios. Isso resultou para apear a Dr.ª Manuela, quando podia dizer uma coisa e o seu contrário. Agora, vai ter de descer à Terra.

Sem comentários :