quinta-feira, maio 27, 2010

Sartre e as escutas

Um amigo chamou-me a atenção para a última crónica do filósofo Tunhas. Não, esta não é para regressar ao projecto de Marco António para transformar Gaia na Londres do Mediterrâneo, porque a coisa não está agora para esses devaneios filosóficos.

Tunhas mostra-se cheio de pena de Pacheco e Lomba: “começaram também os insultos a Pacheco Pereira e a quem, como Pedro Lomba, achasse legítimo que a comissão utilizasse tais documentos.” Ele refere-se à utilização das escutas transcritas no Baixo Vouga.

Por não ser jurista, o filósofo não tem “doutrina na matéria”. Mas o facto de “aqueles papéis” não terem sido utilizados é, no seu douto entendimento, “esquisito, no mínimo”. Reflectindo um pouco mais, ele conclui que se trata de “um acto de má-fé. Ou, pior, de cinismo.” De facto, só gente inqualificável, “no mínimo”, se dispõe a cumprir, e fazer cumprir, a Constituição.

À primeira vista, Sartre parece citado apenas para completar o número de caracteres da crónica a que o contrato obriga. Mas uma leitura mais atenta põe em evidência que isto anda tudo ligado: “uma má-fé que existe em todos nós”, comunistas, Gulag, Holocausto, crença, “mentira interior”, cinismo, “cidadão inglês ou americano”, “primeiro-ministro [que] ataca-nos empiricamente”… e o grupo Lena a dar à nota.

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