- ‘Portugal, ao contrário de Espanha, não precisa do TGV, porque é um país pequeno". Percebe-se facilmente onde ele está?’
- ‘O socorro da União Europeia à Grécia foi na verdade um socorro aos bancos alemães, franceses e ingleses que corriam o risco de sofrer perdas colossais. Gasta toda a pólvora numa única salva, é normal que os investidores se interroguem: e se for preciso dinheiro para ajudar a Espanha, donde virá ele? A resposta curta e grossa é: não virá.
Estão esgotadas todas as políticas respeitáveis, fiscais e monetárias, de sustentação da procura agregada. Infelizmente, foram largamente insuficientes, como se verifica pelo estado anémico dos EUA, da UE e do Japão.
Se a realidade soubesse estar à altura da ficção, a China transformaria os seus créditos externos em activos nos países devedores, a começar pelas ilhas gregas e a continuar com a totalidade dos bancos americanos, ingleses e espanhóis.
A conclusão é que uma parte substancial das dívidas jamais será paga. Tal é a condição para que empresas e particulares possam voltar a respirar.
A forma mais justa de fazer isto seria a renegociação e o reescalonamento das dívidas. Mas trata-se de um processo demasiado moroso e complexo, com implicações e custos políticos difíceis de avaliar.
A outra forma de desvalorizar as dívidas é a inflação galopante. Aposto nisso.’
- ‘(…) o PSD e o CDS estão a instrumentalizar o pânico dos mercados para ajustar contas com o passado. Digo que estão a instrumentalizar porque não há nada que tenha acontecido nos últimos tempos que justifique o regresso a este debate: o pânico dos mercados não resulta de nenhuma insuficiência do PEC português; trata-se de um ataque à zona euro. A obsessão do PSD e do CDS com o adiamento das 'grandes obras públicas' mostra que há partidos que pouco ou nada percebem da crise em que estamos metidos e dos desafios que enfrentamos enquanto país europeu. Isto é bem revelador da falência ideológica da direita portuguesa, que se traduz no anacronismo das suas 'receitas' liberais. PSD e CDS não só parecem incapazes de reconhecer que parte dos nossos desequilibrios transcendem a realidade nacional, o que obriga a uma revisão radical do significado das famosas 'reformas estruturais''; como, no contexto recessivo actual, parecem não perceber a contradição entre o 'não há dinheiro para nada' e a necessidade de pôr em prática algo que se assemelhe a uma estratégia de crescimento económico.’
- ‘Nos primeiros anos do Euro, ocorreu uma discussão académica sobre as implicações dos défices externos no contexto de uma União Económica e Monetária. A posição que prevaleceu neste debate foi a da benignidade dos desequilíbrios externos: os países mais pobres estavam num processo de convergência e necessitavam, por isso, de mais investimento (do qual se esperava um retorno mais elevado).’
- ‘(…) segundo Cohn-Bendit, nos últimos meses fechou vários negócios com a Alemanha e a França para a aquisição de submarinos, fragatas, helicópteros e aviões, que estimou em mais de 4 mil milhões de euros e que serão pagos ao longo dos próximos anos: “Somos hipócritas, damos-lhes dinheiro para comprarem as nossas armas”.’
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