- ‘Tendo o desemprego aumentado em resultado de uma crise de procura, seria razoável assumir que se trata apenas de desemprego cíclico, que desaparecerá com o retomar da actividade económica. No entanto, a retoma poderá ser menos eficaz a reduzi-lo do que seria de esperar.
Antes da actual crise, a economia portuguesa passou por outra crise de crescimento (desde o início no novo século), que esteve ligada ao aumento da concorrência nos produtos tradicionais da indústria manufactureira portuguesa, com a abertura dos mercados europeus aos produtos asiáticos e do leste da Europa. Os sectores intensivos em mão-de-obra pouco qualificada viram o seu peso reduzir-se, e sem surpresa, libertaram mão-de-obra pouco qualificada. A crise acelerou esse processo.
Os números do desemprego são elucidativos sobre quem são os novos desempregados. O desemprego aumentou principalmente nos não qualificados e diminuiu num único grupo, os licenciados. De facto, hoje há menos licenciados desempregados do que há um ano.
O problema do desemprego está antes nos trabalhadores pouco qualificados, em particular nas regiões onde predominavam as indústrias trabalho intensivas, sectores onde houve uma redução da produção e um aumento da tecnologia que reduziram as necessidades de mão-de-obra, em particular da menos qualificada.
A maior concorrência que estes sectores enfrentam explica uma parte importante do aumento do desemprego.
Como acabar com este desemprego?
Não há soluções fáceis. As indústrias que utilizam este tipo de mão-de-obra estão a escolher países com salários mais baixos.’
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