quarta-feira, junho 30, 2010

O Eduardo que não se chama Eduardo



Do editorial da edição de hoje do Público, intitulado Quem vai ser o Eduardo da PT?:

    Há uma reflexão a fazer sobre a vulnerabilidade da posição da PT no duelo ibérico com a Telefónica

    Em pouco mais de 90 minutos de futebol, um homem lutou para fazer a diferença. Eduardo o guarda-redes da selecção nacional, defendeu o possível e o impossível. Mas, sozinho, nunca seria capaz de travar a fúria espanhola. E bastou a bola ter entrado uma vez para ficar traçado o destino do Portugal-Espanha no Mundial da África do Sul. Por coincidência do calendário, esta manhã, em Lisboa, na assembleia geral da Portugal Telecom, vai acontecer um outro Portugal-Espanha. Menos apaixonante, porventura, mas mais significativo para o nosso futuro. Se os accionistas aprovarem a venda à Telefónica dos 50 por cento da operadora brasileira Vivo, detidos pela PT, não é apenas o destino de uma empresa específica que está em causa. É a capacidade de uma pequena economia, como a nossa, tentar ultrapassar a sua dimensão e projectar-se internacionalmente. É uma visão sobre um caminho para nos desenvolvermos num mundo global que foi posta em questão. Por outro lado, argumentarão muitos, trata-se apenas de um negócio, sujeito às regras da oferta e da procura. Um negócio onde tudo dependerá de um preço - sobretudo num momento como o actual, em que o preço pode ser um paliativo mágico para muitas tesourarias ameaçadas pela escassez do crédito. A própria PT, mesmo sabendo bem onde está o seu interesse estratégico, não está imune à tentação de ceder. E, com o encaixe financeiro proporcionado pela venda, tentar construir um novo projecto. Mas a questão de fundo é constatarmos a vulnerabilidade da posição da PT, perante o seu poderoso parceiro que, entretanto, se tornou seu inimigo. E não, não há um Eduardo que defenda o interesse estratégico do país. Essa é a discussão que devíamos abrir no dia depois deste segundo duelo ibérico.’
Afinal, havia um Eduardo, não se chama é Eduardo.

1 comentário :

Luís Serpa disse...

Pois. Chama-se Zezinho. Ou será Rui Pedro Soares ("interese estratégico do país" refere-se a ele e aos outros como ele, não é?)?