quarta-feira, julho 07, 2010

Os grandes projectos intelectuais do PSD


Os mais distraídos imaginam que é novidade essa coisa bizarra de termos o PSD, maior partido da oposição, entretido com algo tão "importante" para o dia-a-dia dos portugueses como uma revisão constitucional, que tanto pode incluir a eliminação da República, como a criação de um Conselho Superior da República.
Pura ilusão.
Corriam os anos 80, em pleno esplendor do cavaquismo, e o então ministro Valente de Oliveira convidou Miguel Esteves Cardoso para escrever as Grandes Opções do Plano.
Entrevistado esta semana por Carlos Vaz Marques, na TSF, MEC recorda [quem tiver paciência, pode ouvir a partir do minuto 13:00] como, também ele, já naquela altura, começou por propor a reposição da monarquia e depois andou entretido um ano inteiro com tudo e coisa nenhuma.
Um quarto de século depois, a história repete-se. O PSD está agora na oposição, é certo, mas o truque de ilusionismo e a inutilidade absoluta repetem-se.
Tal como na altura, estas parvoíces apenas servem para disfarçar o essencial - nos anos 80, MEC foi convidado a dar uma aura intelectual a uma política saloia; hoje, um intelectual é chamado para fazer de nós todos saloios, ao propor, ainda que envergonhadamente, o desmantelamento do estado social.

10 comentários :

Cristiano disse...

Se por desmantelamento do estado social, se entende que deva ficar bem claro que, como em São Bento não existe nenhuma árvore de patacas, o governo que tanto gosta de apregoar que oferece tudo a todos, só oferece porque o dinheiro não é dele mas sim dos contribuintes. Por isso parece-me da maior justiça que quem dá o dinheiro, todos os que pagam impostos, saibam muito bem para que é que serve o seu dinheiro. Claro que fica muito bonito usar a expressão "estado social" como se fosse uma instituição que realiza todos os dias o milagre da multiplicação dos pães, mas não é!
O estado somos todos nós e não devemos ter nenhum preconceito em discutir para onde devem ser canalizados os recursos públicos e avaliar quais os serviços onde a (ilusória) gratuitidade se justifica. Em Portugal parece que há muita gente que não acredita que "There are no free lunches", mas é a mais pura das verdades.

João Magalhães disse...

Cristiano,
Noto que hoje, embora esteja enganado no que diz, está relativamente calmo. Estamos a fazer progressos..

MFerrer disse...

progressos?
Eu diria antes, insinuações.
Isto é ele finge estar de acordo com a coesão social ( não descortino se sabe o que é, para falar com tal desdém do Estado Social!)...
Suspeito no entanto e Deus me perdoará se me engano, que este Cristiano é um dos que exigem reformas dos professores do estatuto antigo(aos 52 aninhos) , das mordomias dos juizes, dos médicos e dos miliutares, estará contra o encerramento da escolas com menos de 21 alunos e a favor dos postos de saúde a fazer de conta...
E O Cristiano não nos quer dizer por favor de onde é que vinham essas verbas todas para assim serem gastas?
O que ele quer é um Estado Social para os ricos e um Estado Seco e Pugilista para os restantes mortais.
Veja-se o caso do PC da Cascais que exigiu a presença de um ministro na praia, à frente de um pelotão de polícias, porque por lá apareceram uns bandidozecos que deram umas facadas e UM tiro!
Senhores! Um tiro! Em Portugal alguém deu um tiro? Dissolva-se a Constituição e nomeie-se um Governo de Salvação Nacional. No mínimo!
Esta direita descabelada é uma curtição.

Cristiano disse...

Já agora, se me conseguisse tentar explicar pq que estou enganado agradecia. Ainda que tenha muita dificuldade em perceber como é que uma opinião, digo bem opinião, possa estar certa ou errada...
Eu pelo menos não tenho por hábito achar que toda a gente que tem opiniões diferentes das minhas está errado, limito-me a discordar e a apresentar argumentos que defendam a minha posição. Quanto aos factos que referi (esses sim poderiam estar certos ou errados) parace-me que é bastante claro e indiscutivel que o estado se financia com impostos pagos pelos contribuintes e que são esses os recursos que o estado tem para gerir e para "distribuir".

MFerrer disse...

Cristiano,
Vc acaba de se distinguir a si próprio com a comenda da Evidênncia dos dicionártios, com o grau de cavaleiro de La palisse.
Parabéns!
"Os impostos servem para pagar as despesas do Estado".
Wau!
Que descoberta!
O Marx que se cuide. O Krugman não passa de um tolinho.
A concorrência é cada vez maior!

João Magalhães disse...

Cristiano,
Estado social - cada um contribui de acordo com as suas possibilidade e usufrui de acordo com as suas necessidades. Na educação e na saúde, por exemplo. E isto só funciona se for universal. Clarinho.

Cristiano disse...

Quanto ao MFerrer, como já lhe disse algumas vezes, se defacto me quer dar a honra de comentar as minhas opiniões, seria bom que as lesse primeiro, senão torna-se demasiado complicado...
Quanto ao comentário do João Magalhães, aplicando a teoria enunciada "cada um contrinui de acordo com as suas possibilidades e usufrui de acordo com as suas necessidades..." parece-me bastante evidente (é uma opinião) que para que cada um usufrua de acordo com as necessidades a universalidade não é obrigatória. Entendo (e obviamente aceito) que haja opiniões diferentes e que nesta matéria existem divisões ideológicas muito vincadas (o que a meu ver é saudável), mas parece-me bastante importante que se possa discutir estes assuntos sem tabus, sem medos e sem fantasmas, criados com frases do género de "qquerem acabar com o estado social..." volto a dizer o estado não dá nada a ninguém e parece-me natural que a sociedade possa discutir abertamente como e onde quer aplicar os seus recursos.

Anónimo disse...

"estas parvoíces apenas servem para disfarçar o essencial"

estamos a falar de quê? do casamento gay?

Anónimo disse...

Chiu!
Este é um congresso de jotinhas...
Com mais ou menos letra!

pedro oliveira disse...

«cada um contribui de acordo com as suas possibilidade e usufrui de acordo com as suas necessidades»

Isso vale para as imagens «roubadas»?
A imagem que ilustra este «post» foi «gamada» e recortada à medida.
As atitudes ficam para quem as toma...
De qualquer modo, demarco-me, publicamente, não contribui (pelo menos voluntariamente).
«Post» de onde a imagem foi «sacada»:
http://santamargarida.blogspot.com/2006/04/266-anda-um-pai-criar-duas-filhas-para.html