segunda-feira, agosto 23, 2010

Os equívocos das deduções fiscais

• António Correia de Campos, Deduções fiscais:
    Como as necessidades de saúde não são directamente proporcionais à riqueza, (são até os mais pobres que têm mais necessidade) este sistema produz um duplo efeito regressivo: beneficia desproporcionadamente os mais ricos, e custando dinheiro ao Estado (dinheiro público que se não cobrou) acaba por ser pago pelos restantes impostos que recaem sobre toda a população, sobretudo os indirectos, como o IVA. Tem ainda um efeito de ineficiência pelo célebre "risco moral", consumo redundante ou ineficiente, sobretudo nos mais ricos, que sabem poder deduzir 30% dessa despesa, sem qualquer limite.

    Obviamente este sistema agrada aos prestadores privados que sem ele veriam a sua clientela mais restringida e claramente prejudica o SNS. Este bónus é excepcional na Europa. Não existe qualquer dedução fiscal na saúde, em Espanha, França e Reino Unido, havendo fortes limitações na Itália e na Alemanha.

10 comentários :

Anónimo disse...

Só a verdade é revolucionaria. Contra factos, não há argumentos.Obrigado Professor.

Anónimo disse...

Sempre admirei a clareza e o saber do Prof. Correia de Campos.E a vontade de lutar pelo que acha mais eficaz para os portugueses... pena é que nem todos pensem assim...

Anónimo disse...

Expliquem-me como se eu fosse muito burro: o Correia de Campos não é do PS? Não foi o Sócrates que desancou no Louçã por ele propor o fim das deduções das despesas de saúde?
Este Correia de Campos é o mesmo que foi corrido do governo do Sócrates?

O velhinho reformado que deduz os gastos com medicamentos é um nababo? O indivíduo que vai ao dentista tem alternativa no SNS?

Anónimo disse...

A dedução fiscal na saúde em Portugal é uma concessão do Estado.

Como não faz o seu trabalho a tempo e hora e com qualidade, o Estado admite que o particular possa usar os meios financeiros próprios.

O particular fica, portanto, a pagar duas vezes, directamente com os seus meios financeiros e com os seus impostos. Daí a dedução de modo a minorar a injustiça...

Quanto aos exemplos dados, França, Reino Unido, Itália e Alemanha, não podemos esquecer que falamos de serviços de saúde com outra qualidade. E portanto, os particulares não precisam tanto de recorrer ao serviço privado.

Moral da história, há que comparar o que é comparável...

Anónimo disse...

Não é dos velhinhos e pobrezinhos que se fala,é de quem gasta na saúde e na educação, desmesuradamente, sabendo que o estado cobre, sem limite até 30%Quando, se quer fazer demagogia, é fácil. Correia de Campos foi "corrido" por competente. Quanto a Louçâ, não é recomendável.. lembram-se das acções da Cimpor, anda calado porque deram bom dinheiro à CGD.

os pulhas disse...

Mais claro? Só os beneficiarios das benesses é que estão contra...
acabemos com as deduções dos senhores bem na vida.

Anónimo disse...

Os beneficiários somos todos os que pagamos IRS. Os medicamentos são despesas de saúde, tal como os óculos, os dentistas.
E o que é um gasto "desmesurado" com a saúde e a educação?
A minha referência ao Louçã advém do facto dele ter proposto o fim destas deduções e de Sócrates o ter "desancado". O mesmo Sócrates que vem agora propor o contrário do que defendia. Mas a estas reviravoltas já estamos habituados.

os pulhas disse...

Quem ganha bom dinheiro pode por isso ir ao particular no ensino e na saude e depois zás faz as reduções.Se vai ao particular é porque pode,é uma opção sua, então que assuma a totalidade do custo e não venha depois usufruir de uma compensação que parte dela não é sua mas de todos que pagam impostos.

Anónimo disse...

Grande tanga e conversa de treta pseudo esquerdista. Quem faz as deduções em principio também já pagou mais impostos e portanto já pagou os serviços a que tem direito. As benesses não podem ser só para alguns, mesmo que esses sejamos mais pobres. Os que trabalham e pagam para que os outros possam ter serviços sociais também merecem ser compensados e nas circunstâncias especiais em que estão a contribuir para a sociedade, por exemplo educando os filhos para serem cidadãos produtivos e pagadores de impostos, de algum modo recompensados. As deduções fiscais são uma forma de tentar repor algum equilíbrio numa situação onde os que não pagam recebem tudo de graça e os que pagam praticamente não usufruem dos serviços sociais que funcionam às suas custas.

Anónimo disse...

Educação e Saúde, a resposta do Sócrates contra os "inimigos" dela.
Esta é a primeira medida. Deixam de poder descontar parte das despesas e pagam mais IRS.
Tá bem abelha.
Se as deduções "beneficiam" os mais ricos, o fim delas a quem irá prejudicar mais?
Ahhh já sei ...os ricos que ganham aí....600 euros.
E na habitual demagogia veremos agora o nosso padre Anacleto a ser contra esta medida também.