O Governo aprovou ontem um conjunto de medidas adicionais ao pacote do medicamento aprovado em Abril, estando previsto que estas mudanças se traduzam numa redução de encargos para o Serviço Nacional de Saúde na ordem dos 250 milhões de euros por ano. Entre outras medidas, há duas que quero destacar¹:
- • Redução de 6% no preço de todos os medicamentos;
• No âmbito dos “genéricos”, alteração do preço de referência que é hoje estabelecido por reporte ao “genérico mais caro”, passando a encontrar-se o preço de referência através da “média do preço de venda ao público dos 5 medicamentos mais baratos do mesmo grupo homogéneo”, o que implicará necessariamente um aumento da concorrência entre laboratórios, conduzindo à baixa dos preços.
Seria de esperar que os patrões da indústria farmacêutica barafustassem: uma medida “surpreendente” e “radical”, expressões usadas pela Apifarma, a associação que representa a industria farmacêutica, para comentar a decisão do Governo de cortar 6% no preço dos medicamentos, já a partir de Outubro.
Também não seria totalmente inesperado que, “contra o estado geral de bovinidade”, fosse proferida uma” blasfémia” — que, como se sabe, “é a melhor defesa” — para atingir aqueles que ousam pôr limitações aos lucros da indústria farmacêutica. Coube o triste papel ao pobre do Miranda [andará ele a brincar com as bactérias nalgum laboratório?], que nos mostrou, com aquela ligeireza habitual, as enormes dificuldades por que passa a indústria farmacêutica.
Mas já ninguém esperaria que o PSD mandasse um peão sair em defesa — assim às claras — da indústria farmacêutica: o deputado do PSD referiu ter "as maiores dúvidas" quanto à redução de seis por cento no preço dos medicamentos. E mostrando que este conjunto de medidas lhe tocou a sério, o PSD anuncia que vai chamar a ministra da Saúde ao parlamento para explicar a descida dos preços dos medicamentos. Adivinhem em que áreas quer o PSD reduzir a despesa pública…
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¹ Ainda bem que não há redução da comparticipação nos antidepressores, o que se faria sentir de imediato nas caixas de comentários do CC.
2 comentários :
Esta política de obrigar a descer os preços também foi seguida pelo Mugabe no Zimbabwe: ficou com as prateleiras vazias. Estamos cá para ver o que vai acontecer.
O anonimo esta muito preocupado com descida,com um argumento de comparação fascista. Presumo que seja um industrial visado com o desconto.
O Governo só faz aquilo que o psd tambem pede, deminuir na despesa publica. Eis aqui uma medida em grande.
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