domingo, setembro 12, 2010

Visão do tempo do 1.º Regimento Geral da Contabilidade Pública

Estava a deitar fora jornais antigos e encontro uma daquelas inimitáveis crónicas da Dr.ª Manuela no caderno de economia do Expresso (“Teatro de verão”, de 14 de Agosto de 2010). Diz a especialista em finanças públicas:
    “Não se percebe um recente receio do Governo de que a Assembleia da República não venha a aprovar o Orçamento do Estado para 2011.
    Com efeito, a nossa Constituição não estabelece que este facto implique a queda do Governo, mas pelo contrário, apresenta uma solução: em caso de não aprovação do Orçamento, entrará em vigor, por duodécimos, o Orçamento do ano anterior.
    Assim, o Governo pode continuar a governar, apenas limitado ao facto de não poder aumentar a despesa em relação a este ano.
    Quereríamos nós, cidadãos, ter melhor notícia?”
A Dr.ª Manuela ainda é do tempo em que a despesa pública crescia todos anos e depois se arranjavam uns artifícios para aumentar a receita (v.g., venda ao desbarato de créditos fiscais e da Segurança Social ao Citigroup).

Ora o recurso aos duodécimos significa tão-só que o Governo poderia gastar o mesmo que no ano anterior. Estando previsto que o défice não pode ser superior a 7,3 por cento em 2010, mas em 2011 não pode exceder 4,6 por cento, como resolveria a Dr.ª Manuela o imbróglio? Aumentaria os impostos? Nunca o saberemos ao certo, porque as suas crónicas servem apenas para nos dar conta dos seus estados de alma momentâneos.

4 comentários :

Tridente disse...

Perante este argumentário.. apetece-nos dizer: mostarda no cú dos outros é refresco....

Anónimo disse...

Atendendo a que despesa tem aumentado todos os anos, onde estaria mesmo o problema dos duodécimo?

Ai essa propaganda.

Anónimo disse...

hummm, nao sei bem, mas e que tal diminuir a despesa? enfim, e so uma ideia... e necessario orcamento aprovado para gastar menos que em 2010?

Joaquim Amado Lopes disse...

A despeza pública continua a aumentar todos os anos e os artifícios usados para a disfarçar são cada vez mais lesivos do interesse público.

O Miguel sabe que o Governo PODER gastar o mesmo que no ano anterior não o obriga a gastar o mesmo que no ano anterior, não sabe?

E que, se vender crédito (mal-parado) do Estado abaixo do seu valor nominal é um mau negócio, vender bens do Estado a empresas públicas (que dão prejuízo e são sustentadas por endividamento público) para baixar o deficit orçamental é uma fraude e, pelo impacto na dívida do Estado, criminosamente irresponsável?

Tudo o que a Dra. Manuela Ferreira Leite disse na campanha eleitoral foi ou está a ser confirmado e tudo o que José Sócrates disse já foi demonstrado como errado/mentira. Portanto, antes de falar da Dra. Manuela Ferreira Leite, morda a língua.