terça-feira, novembro 09, 2010

O FMI que faça o trabalhinho pela São Caetano

Extracto de A ameaça da crise, artigo de Vital Moreira (hoje no Público):
    Logo após o acordo com o PS para viabilizar o orçamento para 2011, o PSD anunciava a sua intenção de desencadear uma crise política algures no próximo ano, depois das eleições presidenciais. A ameaça voltou a ser feita na discussão parlamentar do orçamento e depois disso reiterada por vários dirigentes laranjas, segundo fizeram eco os semanários do fim de semana passado.

    Para quem seguiu o itinerário do PSD desde o verão, esta obsessão pela abertura de uma crise política não surpreende. Ela estava inscrita no discurso de Passos Coelho em Agosto passado, quando colocou condições manifestamente impossíveis para poder viabilizar o orçamento. Face às advertências internacionais e à pressão dos meios empresariais e políticos (incluindo o Presidente da República), o PSD teve de recuar e "vender" a abstenção por muito menos do que tinha exigido. Mesmo assim, conseguiu impor suficientes condições, sobretudo no corte da receita, para tornar muito mais difícil o cumprimento das metas do défice.

    Como se isso não bastasse, o PSD lançou gasolina no fogo, reavivando a perspetiva de crise política. Fingindo viabilizar o orçamento, fez logo questão de se dissociar de qualquer compromisso com ele e de pôr em causa as condições políticas da sua execução, colocando Portugal à mercê de dura penalização pelos mercados da dívida pública. Se os mercados do crédito já não podiam ter ficado satisfeitos com as dúvidas sobre a exequibilidade do orçamento, menos ainda podem ter ficado com o anúncio de uma crise política a curto prazo, o que só pode acrescentar incerteza ao receio.

    Claramente o PSD convenceu-se que depois do fraco apoio recebido pelo seu novo credo neoliberal (como mostraram as reações ao seu projeto de revisão constitucional), o melhor meio de conseguir os seus objetivos seria por via de uma crise orçamental, que obrigasse à vinda do FMI e à imposição por via externa de um programa assassino de redução da despesa pública e de corte nos serviços públicos, incluindo na saúde, na educação e na proteção social, ou seja os três pilares do Estado social. Com a vantagem de que, em tais circunstâncias, tal poderia ser apresentado ao país, não como programa próprio, mas sim como imposição externa. A receita liberal apareceria como cura regeneradora para o desastre do "Estado providência", por culpa dos seus próprios defensores.

2 comentários :

Anónimo disse...

Aproveito a "boleia" de Vital Moreira,para dizer que estou muito triste. Segundo informações,o Partido Comunista Cubano,vai reunir o seu Congresso...(evento que não se realiza desde 1997).A situação deve-se ter AGRAVADO,pois a calma imperava naquela terra.Ob. Doutor Vital Moreira,mas esta noticia é preocupante para os acólitos de jeronimo..

Unknown disse...

Mas porque raio tem o PS medo do FMI?? Dá que pensar...Se calhar ia cortar nas transferências para as empresas municipais, acabar com o 13º mês e subsídio de férias na Função pública e na classe política, se calhar acabava também com as transferências para a Madeira, com as verbas para as PPP's, acabava com as renovações de frotas...xi... que aborrecimento...Safa! Safa! Como diz o outro...AH! E ainda acabava com a acumulção de pensões e vencimentos... Raio da Maçonaria que tem uns tentáculos tão longos e não deixa o PS fazer o seu trabalho...