Avante, camaradas!

Lê-se no DN que a direita está preocupada com a possibilidade de “o Governo [conseguir] bons resultados na execução orçamental”. Se assim acontecer, “ninguém tira Sócrates de lá”, na opinião de um dirigente do CDS.

Há, portanto, uma corrida contra o tempo por parte da direita (“o factor tempo”, como se diz no jornal). Como vê a situação política o “círculo mais próximo de Passos Coelho” (que pode muito bem ser um eufemismo para designar a secção laranja do DN)? Assim:

“No círculo mais próximo de Passos Coelho, as pressões para acelerar o calendário político têm-se intensificado, sabe o DN. Embora na direcção haja quem ainda entenda que "só por razões absolutamente excepcionais" se pode desencadear uma crise política. O problema é, claro, o ónus. Ou seja, se o eleitorado perceberá que, nesta altura de crise e depois de ter viabilizado o Orçamento, o PSD deite abaixo o Governo sem um argumento sólido.”

Mas a própria notícia dá conta do “argumento sólido” que parecia faltar ao “círculo mais próximo de Passos Coelho”:

«Talvez por isso Passos Coelho tenha já introduzido uma nova exigência a Sócrates. Se depois das presidenciais falou apenas da execução orçamental, agora quer "reformas", nomeadamente o "acelerar rapidamente da reorganização do sector público empresarial", como dizia ontem mesmo [na sexta-feira], em entrevista ao Diário Económico. No domingo deixou até um calendário: que o faça "antes da entrega do Programa de Estabilidade" no Parlamento.»

Estamos, portanto, perante um cenário das arábias: eleições antecipadas à vista, na sequência da aprovação de uma moção de censura com os votos do CDS, do PSD e do PCP, por o Governo se recusar a encerrar as empresas com “prejuízos crónicos” (empresas de transportes públicos e hospitais) e a despedir os respectivos trabalhadores.