Escreve a realizadora, Maria João Guardão:
- ‘Em 2010 fizemos uma viagem pelas cinco áfricas que falam português - Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo-Verde. Encontramos países com 35 anos de vida independente e pessoas que ousaram experimentar novas ideias e instigar práticas diferentes, construindo caminhos para a cidadania. EU SOU ÁFRICA é o resultado desse encontros, uma série documental de 10 episódios que são outros tantos retratos de gente capaz de inacreditável resiliência e de sonhos altos, gente que caminha com a História.
Dez heróis quase desconhecidos do grande público que, como actores e testemunhas privilegiadas, reflectem sobre a história recente de África e os desafios que o continente enfrenta. Todos participaram na independência dos seus países e, mais do que respostas, partilham interrogações para o futuro e a capacidade de desfazer os lugares-comuns que persistem na percepção dos seus lugares de origem. O campo de acção é diverso, da Educação, às Artes, à Justiça, à Agricultura, à Religião, ao Ambiente ou à História, mas o terreno que lavram é comum: a responsabilização de cada um face ao presente. São estas pessoas que EU SOU ÁFRICA traz para a frente da câmara, e com elas países inteiros. Porque, como diz Ruy Duarte de Carvalho, “um percurso biográfico se faz de tempos, de lugares, modos, percepções, ocorrências, experiências, resultados, aquisições, perplexidades, digestões e ressacas”, e alguns percursos conseguem ser tão exemplares como humanos.’
- ‘Vem de uma família tradicional angolana, de Luanda, filha de Adriano Sebastião, preso pela PIDE quando Luzia tinha 5 anos. Combatente na guerra de libertação, conhecida como Comandante Gi, participou mais tarde nas células do MPLA, partido em que militou. Licenciou-se em Direito na Universidade Agostinho Neto, onde hoje lecciona Direito Penal, e ultima o seu doutoramento entre a Faculdade de Direito de Coimbra e a sua casa do bairro Alvalade. Para Luzia Sebastião, a função da universidade “é ter opinião” e luta para que o mundo académico tenha uma palavra a dizer nos destinos do país. Trabalhou nos ministérios da Educação e da Justiça e exerceu advocacia durante longos anos, actividade que suspendeu em 2009, ao ser mandatada juíza do Tribunal Constitucional. É uma mulher de armas, habituada a vencer pela força da razão.’
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