sábado, fevereiro 05, 2011

Olhando para o mundo

A discussão sobre a dimensão do Estado em Portugal está cheia de ignorância, má fé e populismo. Todos os que se queixam do “monstro” ignoram um facto bem conhecido de quem estuda economia política internacional: os países pequenos com economias abertas e integradas no comércio internacional tendem a ter um sector público maior.

A explicação para este facto bem conhecido é mais ou menos esta: uma economia pequena e aberta está mais sujeita a choques assimétricos, e – desde que o país seja uma democracia – os cidadãos votarão por sistemas de protecção mais amplos que amorteçam o risco e a volatilidade provocada pelos mercados. Essa protecção pode tomar formas diferentes, em diferentes combinações: um Estado social mais amplo, um sector público mais numeroso, e/ou uma legislação do emprego mais protectora dos trabalhadores.

Atentemos nestes dados de 2005 que constam deste relatório da OCDE. Antes de mais, podemos ver no primeiro gráfico a percentagem de funcionários públicos na população activa; veja-se a posição de Portugal, bem a meio da tabela.




Depois, usando estes dados, podemos correlacionar a população (em 2005) dos países acima listados com a dimensão do seu sector público; o resultado é o que vemos no segundo gráfico (o valor do r é bastante interessante = 0.48). A vermelho, temos Portugal. Para os países com uma dimensão semelhante a Portugal, apenas a Áustria e a Suíça têm um sector público mais pequeno.




P.S. 1: Recorde-se que os dados são de 2005; dados mais actualizados mostrariam um sector público mais pequeno, dadas as reformas na administração pública que o anterior Governo concretizou, reduzindo o seu número de funcionários em largas dezenas de milhares.

P.S.2: É verdade que estes dados excluem - para todos os países - o sector empresarial do Estado. É improvável, porém, que ele altere significativamente os resultados, uma vez que este emprega apenas uma pequena percentagem da população activa.
    Contributo do Pedro T.

3 comentários :

Semisovereign People at Large disse...

os países pequenos com economias abertas e integradas no comércio internacional tendem a ter um sector público maior???

tendem era melhor comparar com a Costa Rica

e não com países com uma indústria forte ou rendimentos de fontes extractivas petróleo norueguês

que lhes permitem um sector público

com funções diversas do nosso

com menos pessoal gasto em burocracias inúteis

e com salários e reformas muito diferentes

o discurso é demagógico

custam mais, cada chefia é um senhorzinho no seu casstelo

inerme, pouco eficiente em geral e inamovível

Anónimo disse...

Deve ter chumbado a economia por diversas razões a sua explicação não cola, além de que no seu gráfico, para corroborar a sua versão oliterou os EUA (o maior país que incluiu foi o Japão, se tirar este a recta desaparece).

Enfim, se decidem assim a política (eliminando os dados que não interessam ) estamos conversados.

DEpois a dimensão do Estado tem de incluir também o sector público empresarial (coisa que não faz).

E quem lhe disse que economias pequenas e abertas estão sujeitas a choques assimétricos??? Assimétricos com quê? Elas estão é sujeitas a choques externos, a questão da simetria tem a ver com a estrutura empresarial, mas enfim (aliás essas economias pequenas são mais síncronas com o ciclo mundial que as economias grandes).

Falácias de quem leu um daqueles livros de economistas prara tótós.

Anónimo disse...

tirem o últimp ponto e a correlação vai-se