- • José Medeiros Ferreira, «Carta de um velho a um novo»:
‘Ramalho Ortigão, quando se encaminhava para o Integralismo Lusitano, escreveu em 1914 uma «Carta de um velho a um novo», em que defendia que a elite dos velhos devia inclinar-se perante a elite dos novos. A demissão começa em inclinações deste género.’
• Filipe Nunes Vicente, TIRO DE PARTIDA:
‘(…) Como eleitor de Cavaco Silva, o que espero é coragem. Ou apoia o governo nas dificuldades que são comuns a outros países ou demite-o sem temer os resultados eleitorais. Não votei no Rassemblement Pour le Cavaquisme.’
• João Galamba, Magistratura activa:
‘Segundo o jornal Público, o polémico projecto para o aterro do Funchal foi adjudicado por 1.5 milhões de euros à Norvia Prima, empresa detida por Jaime Ramos, secretário regional do PSD. A adjudicação, por ajuste directo, beneficiou da lei de meios extraordinários para a reconstrução da Madeira, que, entre outras coisas, cria um regime excepcional em matéria contratação pública. No seu discurso de tomada de posse, Cavaco Silva disse haver sinais de 'uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos' e que essa 'cultura que tem de acabar'. Como hoje foi um dia de Verdade, presumo que o presidente que nunca disse uma palavra sobre o aquilo que se vai passando na Madeira deva ser uma coisa do passado.’
• Paulo Pedroso, As palavras do Presidente da ditosa pátria, nossa amada:
‘(…) O primeiro Presidente da República eleito depois do centenário da dita, não teve na sua posse uma palavra para a sua implantação. Valha-nos Deus que também não louvou a monarquia!’
• Pedro Lains, O discurso do Presidente ou o futuro do Presidente:
‘(…) este Presidente pode ainda deixar um importantíssimo legado à democracia portuguesa. Bastaria para tal "desaparecer", deixar as coisas andar interferindo em quase nada, nas questões fundamentais de soberania, de representação externa e pouco mais. Tudo o que viesse do Governo passava; nada de mensagens; receber sociedade civil com queixas, sim, mas sem trocas; discursos de circunstância; críticas a torto e a direito ou o contrário, conforme as suas vontades; nada de "soluções", "apelos", de apoios implícitos ou não a "manifestos", de apoios implícitos ou não às facções no PSD, etc, etc. Isso seria o melhor legado que Cavaco Silva podia deixar à democracia portuguesa.
É que, já se viu algum país da Europa ocidental, pelo menos, com um Presidente cujos discursos marquem a agenda como por cá? Eu sei que isto por cá é semi-presidencial, mas isso é um resquício da República, do Estado Novo e do PREC. Agora que a Tunísia vai para a transição para a democracia, talvez seja tempo de nós irmos para a democracia plena.
Claro que depois aqueles que se julgam "poderosos" - e que no fundo, no fundo, não o são e por isso é que falam tanto - ficariam sem um muro de lamentações, sem uma cortina parda. Precisamente. Teríamos um democracia melhor, pois essa gente teria de ir bater à porta dos partidos, sossegadamente (e não o contrário?).’
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