- ‘Apesar de tudo, fale-se em nome de uma " autêntica alternativa de esquerda" ou com base num acrisolado apego "à verdade", o paroquialismo não chega nem para perceber a dimensão da crise nem para definir uma linha de rumo de resposta. E se o Bloco, em matéria europeia, "tem dias", já o Presidente da República tem outras responsabilidades.
Com efeito, não basta explicar que é preciso aplicar uma política de austeridade para responder aos desequilíbrios macroeconómicos do País e, ao mesmo tempo, proclamar que existem limites aos sacrifícios. O que importa é tornar claro o caminho a seguir para superar a crise nos apertados limites que decorrem do défice externo e da pressão dos mercados.
Ora, neste ponto, nem sequer se pode dizer que a agenda política interna suscite inultrapassáveis divergências. Redução da despesa pública, selectividade do investimento, aumento das exportações, diminuição do défice externo, reformas estruturais que dinamizem o mercado de trabalho na óptica da criação de emprego.
Se o enunciado é fácil de fazer, a mistura dos ingredientes é que pode suscitar divergências. E suscita.
Por exemplo, algumas propostas de diminuição da despesa pública pela via da redução do peso do Estado na área social trazem implícita uma transferência de recursos para o sector privado, de que não resultaria nem uma melhoria da qualidade das prestações nem, no final das contas, uma melhoria para a condição social dos cidadãos.
Por outro lado, algumas propostas de reformas estruturais, designadamente as de flexibilização do mercado de trabalho (em especial dos despedimentos), além de terem um impacto macroeconómico diferido no tempo, trazem no bojo uma alteração das relações de poder dentro das empresas que não podem ser minimizadas no plano da coesão social nem desligadas de um novo contrato social que coloque o aumento da produtividade e da competitividade no centro das preocupações e das vontades de empregadores e de trabalhadores.
Acresce que, no curto prazo, a prioridade incontestada à redução da despesa pública, ao implicar a adopção de medidas de austeridade, não pode ser desligada dos efeitos recessivos dessas mesmas medidas e, consequentemente, do seu impacto punitivo sobre o emprego.’
2 comentários :
Fiz agora mesmo, no "forma e conteudo", um post também referenciando a ligação, conspirativa, minha opinião,
das escutas com os dois discusos da "vitoria eleitoral"
e agora com este outro de posse
em que,
só de pensar que PM se podia ter levantado e apresentado ali mesmo, na AR, a sua demissão ao Venerando
fico estarrecido...
O contraste entre as duas atitudes do PR e do PM,. realçam o sentido patriotico de responsabilidade deste, contra o destrambelhamento rasca do auto retratado misero, personagem Veneranda...
"... algumas propostas de reformas estruturais, designadamente as de flexibilização do mercado de trabalho (em especial dos despedimentos) ... trazem no bojo uma alteração das relações de poder dentro das empresas que não podem ser minimizadas no plano da coesão social nem desligadas de um novo contrato social ..."
Este texto ainda se mantém actual, hoje, depois de anunciadas as medidas do PEC IV, ou há aqui (e no post) um equívoco?
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