- 'Perante a crise soberana, Portugal precisava de três coisas: (1) apresentar resultados convincentes de consolidação; (2) conseguir que se chegasse a um bom acordo europeu, que restabelecesse a confiança no euro; e (3) manter a estabilidade política e social, que lhe permitisse avançar nas duas primeiras.
Portugal estava a conseguir fazer a primeira, com sacrifícios, mas também com resultados. A batalha do défice não está ainda ganha, mas a consolidação orçamental dos primeiros meses aponta que a trajectória para os 4,6%, em 2011, está a ser cumprida.
Na segunda frente, a cimeira europeia de 11 de Março abriu perspectivas muito positivas. Portugal mostrou-se disposto a assumir uma posição forte sobre os seus compromissos. Os líderes europeus elogiaram esta determinação e mostraram abertura para se comprometerem com uma solução para a crise do euro, mais favorável aos países que se encontram particularmente expostos à incerteza dos mercados internacionais.
A cimeira europeia que agora decorre é decisiva. Portugal precisava de aparecer nesta cimeira unido e com força. No entanto, alguns consideraram ser este o melhor momento para expressar exactamente o contrário. Para estes era urgente mostrar um País desunido e colocar o Governo num colete-de-forças que não lhe permitisse assumir qualquer compromisso. Com esta atitude, enfraqueceram fortemente a posição portuguesa.
A precipitação de uma crise política, exactamente no dia antes de uma das mais importantes cimeiras europeias, demonstra o elevado grau de irresponsabilidade de quem a provocou.
Mas esta crise foi também desencadeada no mês anterior a um período de fortes emissões de dívida e apenas dois meses e meio depois de ter começado a ser aplicado o programa de consolidação que decorre do OE de 2011, não deixando que a consolidação dos resultados pudesse restabelecer a confiança, invertendo as expectativas negativas que pairam sobre Portugal.
O País falhou, assim, em algo em que apenas dependíamos de nós próprios.
O País que falhou foi o País partidário.'
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