- ‘Dir-me-ão que, de um modo geral, as pessoas não sabem o que os partidos em que votam propõem. É certo. Quantos de nós leram programas eleitorais nestas três décadas e meia? Ainda me lembro da primeira vez que o fiz; foi o meu primeiro trabalho jornalístico de estagiária, em 1987. Percebi então que era possível concorrer a eleições com meia dúzia de banalidades (quanto não idiotices) como programa. Continua a ser. Continua a ser possível quase tudo - por exemplo, ver todos os partidos à direita e esquerda do PS, perante um governo demissionário e a meio de um ano lectivo, anular a avaliação dos professores sem ter nada para propor em substituição a não ser o vazio; sem fazerem nem quererem fazer ideia do custo que isso pode, num momento de aperto orçamental, significar (é o regresso às promoções automáticas que vigoravam anteriormente? É de novo o "somos todos iguais e podemos chegar todos ao topo da carreira"?); sem saber o que sucede com as classificações já estabelecidas (anulam-se?). Sim, é possível ver um partido como o PSD, que nesta encarnação já pugnou pelo fim da justa causa no despedimento, arrasar a possibilidade de classificação dos professores segundo o mérito e, mais, não querendo sequer saber os custos, financeiros e outros, disso. Dir-se-ia que o PSD não se imagina a governar, apesar de ser óbvio que o fez para chegar ao governo e que este foi, em termos simbólicos, o seu primeiro acto de governação (independentemente de vir ou não a ser governo). Dir-se-ia que o PSD se habituou de tal modo a ser oposição que sabe apenas ser contra, como o PS, habituado a governar com todos contra si, se especializou na resistência obstinada.’
sexta-feira, abril 01, 2011
Dois meses e três dias
• Fernanda Câncio, Dois meses e três dias:
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