sexta-feira, maio 27, 2011

Estas são as minhas convicções, mas, se não gostarem, arranjo outras (e conto tudo ao contrário)




Ontem, ao ler as declarações de Passos Coelho no site da RR, já tinha ficado com a sensação de que, para além da mudança de posição do líder do PSD quanto à questão do aborto, ele contava também uma história diferente para justificar a mudança de posição:
    ‘o actual líder social-democrata não esteve a favor da última alteração da lei, porque “hoje em dia é muito fácil as pessoas poderem evitar esse tipo de situações, desde que o Estado e a sociedade dêem a informação necessária às pessoas”. E Passos continua: “A ideia que eu tinha era que talvez se pudesse cair numa espécie de liberalização, em que muitas das mulheres que se vêem confrontadas com essa necessidade acabam por se confrontar com problemas ainda mais graves do que aqueles que motivaram a sua decisão drástica de pôr fim a uma gravidez”.’

A Shyznogud terá provavelmente ficado com as mesmas dúvidas que eu. Só que foi à fonte — à própria entrevista de Passos Coelho à RR — e mostra como a bota não bate com a perdigota:
    ‘O que o senhor diz aqui é claro como água: esteve, há muitos anos (e 2007 foi há 4, não há muitos), do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto para situações excepcionais (como a violação e a malformação fetal, por exemplo?) mas que não defendeu a última alteração da lei, ou seja, aquela que permite o aborto legar por decisão da mulher até às 10 semanas. Tudo bem, a cada um suas convicções e voto. Saber como é que estas afirmações (e o que está acima é discurso directo) se conjugam com o afirmado hoje ao i - "votei pelo sim" - é que me deixa intrigada.’

Em suma: Passos diz ter votado “sim” no referendo, mas diz também que sempre esteve em desacordo com “esta última alteração”, ou seja, com a lei que resultou da aprovação do referendo. Isto é incongruente.

Por outras palavras, Passos Coelho não apenas mudou de posição quanto à questão do aborto como também conta uma história diferente (e, por azar, inverosímil) para justificar a sua mudança de posição. Se tivesse sido apanhado a mentir nos Estados Unidos, já teria sido forçado a demitir-se.

5 comentários :

Anónimo disse...

Depois de Vila Real, Passos Coelho seguiu para Vila Pouca de Aguiar, onde recusou uma dança. «O Portas é que dança», disse ao ouvido da senhora que o convidara.(TVI-redação/SP- 27-5-2011)

Portas e Travessas.sa disse...

Este Pedro não acerta passos - trocas tintas de 1ª apanha

Farense disse...

E depois, manda convocar garotos, para provocar e criar conflitos à porta do comicio do PS.

E não condena, apenas lamenta! Que falta de nível e de percepçao do que sao os deveres e direitos de cidadania num sistema democrático!

PPC n tem condições de preparaçao politica e de personalidade para uma dia poder assumir a liderança de um governo.

Filipe A. disse...

Se estivéssemos nos EUA não era só ele a demitir-se...

Anónimo disse...

Só agora é que perceberam que Passos é um trafulha? Já Ferreira Leite nos tinha avisado ao nem sequer o convidar para deputado. Mas agora o PPD já não tinha ninguém. Se calhar queriam o Pachecóvio, o Relvas, o Rangel ou outros da mesma estirpe, não? Querem-se rir vão ver o Herman. Já não lhes chegou o Cavaco (o do bolo-rei e das escutas) o Barroso, o Santana, o Menezes, o Mendes (o caga tacos)?
Vocês são exigentes!!!