- ‘O secretário de Estado do Orçamento veio ao Parlamento analisar a informação do INE relativa às contas públicas no primeiro semestre de 2011, dizendo que a mesma indiciava um desvio de 1,3 pp do PIB no défice público da totalidade do ano.
Mais tarde, assistimos à vontade de carregar ainda mais sobre o PS a pesada herança, sem nenhuma sustentação.
Mas vamos lá ao exacerbado desvio:
Em primeiro lugar, e mais importante, descobriu o país realmente um desvio nas contas da Madeira, único esqueleto que Pedro Passos Coelho encontrou no armário. Quase 600 milhões, cerca de 0,4 pp do PIB.
0,2 pp do PIB correspondem aos custos da opção já do novo Governo na alienação do BPN. Foi uma decisão do novo Governo. A cada um as suas responsabilidades, pois o PS assume as que lhe cabem...
Outros 0,1 pp do PIB correspondem à diminuição extraordinária de dividendos recebidos, nomeadamente da CGD, opção confirmada pelo novo Governo, para reforçar o capital do banco público neste ano difícil.
Outros 0,4 pp do PIB dizem respeito às vendas de concessões previstas no OE/11. Em concreto, concessões de espectro de comunicações de 4G, e na área das energias. Trata-se de receita que esteve sempre prevista para execução ao longo do ano, não é portanto nenhum desvio, desde que este Governo faça o seu trabalho.
Invocam ainda um desvio na despesa com pessoal, mas optam por ignorar que a evolução do número de funcionários públicos em 2011 esteve sempre em grande medida dependente do segundo semestre, assim foi acordado com a ‘troika', dada a função temporal das contratações a termo no Estado. E não têm disponível a Dotação Provisional de mais de 0,2 pp do PIB precisamente para fazer face a tais necessidades? Como lhe podem chamar assim um desvio?
Contas simples, é isto o desvio do Governo?
As noticiadas divisões dentro do Governo quanto à brutalidade dos cortes anunciados para 2012, mostram bem que a dúvida está instalada mesmo dentro da coligação - entre os que advogam que a situação do país se resolve, trabalhando, apostando no crescimento, e os obcecados numa espiral de austeridade e recessão. Sobre esta matéria, no PS não temos dúvidas, somos pela via do crescimento.
Uma nota final: depois de tudo o que se passou quinta e sexta-feira da semana passada, toda a procura incessante de bodes expiatórios no Governo anterior, aquilo que designei a Política do Desvio, eis que falou o porta-voz da Comissão Europeia sobre o OE/11. Referiu, e bem, a dificuldade adicional da sua execução, atribuindo-a unicamente a dois factores: consequências em Portugal do abrandamento da economia europeia e desvio na Madeira. Sobre bodes expiatórios e a Política do Desvio, estamos conversados.’
13 comentários :
"0,2 pp do PIB correspondem aos custos da opção já do novo Governo na alienação do BPN. Foi uma decisão do novo Governo. A cada um as suas responsabilidades, pois o PS assume as que lhe cabem..."
Não se percebe se fala em nome do PS, de Sócrates ou de toda a canga que desgovernou o pais ao longo dos últimos 6 anos...
Ó Alcides e tu falas em nome de quem ? Conta, conta .....
Aqui está um ex governante da nossa praça, que é um voz com autoridade em desvios, pois pertenceu a um governo que teve muitos. O homem é especialista na coisa. Ainda por cima ele é sincero, diz que o PS deixou um pesada herança, o que era escusado, pois, eu como todos os contribuintes portugueses já sentimos isso todos os dias
A diferença é mesmo essa Abrantes, eu não falo a favor de ninguém mas sim contra esta palhaçada sistémica que já leva 3 décadas.
sr. alcides
isso é tudo saudades do sr. prof. salazar?
Já agora só por curiosidade quanto é que perdeu em subsídios por ano? 5, 6 mil euros?
E falar sobre os numeros apresentados caro Alcides? Quer rebate-los? Tem numeros que justifiquem o tal desvio? Conte conte, mas olhe que não vale falar no abstracto como o faz o seu ministro das finanças.
E numa coisa este deputado do PS têm razão: toda a gente fala do que se gastou para salvar o BPN, mas ninguém pia quando se fala no negócio de venda RUINOSA para o estado. Sim meu caro, responsabilidade no dolo é palavra que já assiste ao seu governo mas convém-lhe virar a cara porque o que imposta agora é discutir o passado, claro está.
Se em vez de andarem feitos baratas tontas a tentar atribuir responsabilidades tentassem ao menos resolver os problemas do pais tal como prometeram...enfim, é esperar até janeiro e vêr que bode expiatório vão tentar arranjar para a total falta de controlo de despesa do segundo semestre.
O anónimo deve ser manifestamente analfabeto. Ao menos lesse o que escrevi no outro post acerca do BPN e assim poupava-se a fazer derivações lógicas disparatadas e sem nexo.
Quantos aos números conte e procure você, o blog é seu. Para alem disso já vi que até encontra sempre os números que lhe convém.
Caro Alcides:
Se não se importa, o CC é meu e não do anónimo a que se dirigiu.
Quero pedir-lhe, se não for maçá-lo muito, que os seus comentários tenham algo a ver com os posts publicados. Ou vem cá apenas para fazer propaganda à sua página?
Como permite comentários anónimos (deve ser por acaso), é o que dá. Mas desculpe lá qualquer coisinha se os meus comentários conflituam com as suas tendências.
PS: Palavra que não percebi essa da 'pagina'.
Caro Alcides, os numeros não fui eu que os inventei, estão perfeitamente explicitos no post.Leia-o e se não concorda rebata-o. Depois escusava de se fazer parvinho com a sua primeira posta, percebe-se mais do que bem a que responsabilidades na venda do BPN se refere o deputado, o seu comentário destinou-se apenas a comentar alhos com bugalhos. Quanto a analfabetismo estamos conversados.
Eu percebo-o, eu percebo-o. Dar a entender que o governo de Sócrates salvou o BPN só por causa do Cavaco quando na verdade a teia de interesses (e de influencias) é muito mais alargada é revelador do seu nível de hipocrisia.
A vergonha desapareceu por completo, mas felizmente as boas maneiras continuam, apesar de se detectar, aqui e ali, algum medo nascente. Considerem, por exemplo, este extraordinário pronunciamento de Pedro Ferrraz da Costa, no seu tom suave e ponderado, tão distinto do frenesi dos esqualos quando lhes cheira a sangue fresco:
Ferraz da Costa e a exibição pública do buraco
Audio
Diz o distinto orador que «a conversa do PS é completamente hipócrita» uma vez que «o país não tem muito a ganhar com a exibição pública dos buracos, e o PS ainda menos, porque é o autor material de quase todos».
Portanto, façam como o Alberto João e escondam os buracos em vez de exigir a sua explicação pública, uma vez que interessa defender o país e o PS!
The mind boggles. Não se esperam grandes princípios, mas tão só algum sentido crítico, alguma contenção na falta de lógica, algum domínio sobre os morcegos do campanário.
Impressionado, mudo de canal. E no programa «Repórter TVI», lá vem, para distrair as massas, mais uma oportuna reciclagem da novela «O Malvado Sócrates», sobre o maior mentiroso e asfixiador dos media de todos os tempos, desta feita visando o estafado caso da Cova da Beira, conduzida pela jornalista Alexandra Borges, especialista emérita no patrocínio de francisquinhos espertos da Casa Pia e viagens de estudo a Elvas avant la lettre. O mundo é pequeno.
Mas às vezes não dá para acreditar, é demais. Está tudo doido? Que se passa neste país, para além do golpe de estado em curso?
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