domingo, outubro 02, 2011

O diabo está nos detalhes nas variantes



      ‘Trata-se apenas de integrar a AICEP no MNE - facto que todos os colaboradores desta entidade iriam agradecer. Mencionei que também a promoção de Portugal devia “andar de braço dado” com o MNE, passando este ministério a promover sectores e marcas portuguesas sem gastar fortunas colossais em várias marcas Portugal como no passado recente. Dei apenas como exemplo a possibilidade de usarmos RP’s com milhões de seguidores nas redes sociais para vendermos sectores e marcas portuguesas: Ronaldo a abrir garrafa de vinho “made in Portugal” e a mostrar rolha de cortiça “made in Portugal”; Mourinho dando computadores Magalhães “made in Portugal” aos seus filhos.’

        Nuno Fernandes Thomaz, um dos seis sábios incumbidos pelo primeiro-ministro de preparar a reestruturação dos serviços para a “Internacionalização e Desenvolvimento” da economia portuguesa

Também eu caí na ratoeira de fazer alusão ao relatório da AICEP a partir de patetices como a referida em cima — que é o que não falta no relatório. Mas as peripécias em torno da AICEP não são brincadeiras inócuas ou meras guerras de rapazolas ministros para ver quem fica com o brinquedo. Está (ou deveria estar) em causa a estratégia do país para a economia — mas estão também em causa lutas internas no Governo pelo controlo dos negócios (com os) estrangeiros.

Leonel Moura também leu o relatório e ficou surpreendido com o que andou a fazer a comissão nomeada por Passos Coelho: “Os seis génios acharam que importante mesmo era saber quem manda, mas não para que serve essa agência, qual a sua estratégia, como usar esse instrumento para ajudar a nossa economia a sair do marasmo. Aliás, qualquer pessoa que não seja génio, imaginaria que era por aí que se devia começar e só depois tratar do organograma.”

Escarafunchei um pouco mais a coisa e observo que, para além dos três “cenários” principais de “reestruturação dos distintos serviços e organismos do Estado implicados na promoção e captação de investimento estrangeiro, na internacionalização da economia portuguesa e na cooperação para o desenvolvimento”, há três variantes aos cenários principais.

E em que consistem estas variantes às propostas-base? Trata-se de, em qualquer dos três cenários alternativos, criar uma “instituição dedicada à atracção do grande investimento privado”, instituição que já é apresentada com uma sigla: GIP. A ideia é retirar à AICEP o filet mignon.

Perguntará, meio confundido, o leitor: a finalidade do grupo não era fundir os diversos organismos que intervêm na promoção e captação de investimento estrangeiro?

As eventuais confusões do leitor dissipar-se-ão quando souber que o GIP ficará na dependência directa do primeiro-ministro. Por outras palavras, Passos Coelho está a soprar ao ouvido de Paulo Portas: — Olha, acerta lá com o Álvaro, que não conta muito, como repartir a presa, mas eu fico com os grandes investimentos estrangeiros.

Vamos, portanto, acabar por ter o antigo empresário luso-cabo-verdiano-brasileiro Miguel Relvas a matar saudades do management, decidindo que investimentos estrangeiros interessam a Portugal, onde irão instalar-se, que contrapartidas serão oferecidas para captar os capitais e por aí fora. Alguém imagina que isto possa acabar de outra forma?

2 comentários :

Portas e Travessas.sa disse...

Não constitui novidade, as embaixadas servirem de ponte a motivar (good will) negócios das suas empresas.

O Caso da Suécia em Portugal, o embaixador, pelo menos, de 15 em 15 dias, almoçava ás 6ªfeira, com os dirigentes (Suecos)para fazerem o ponto da situação dos negócios e outras coisas mais.

Não obriga a uma estrutura anormal, estava implatado o "modelo" em todos os Países e é, uma questão de felling para os negócios.

Falei nisto,aqui, há 6 meses.

Portas e Travessas.sa disse...

O cosinhado, Relvas/Coelho não tem hipotese de vender um carro em 2ª mão...minguem compra, pela simples, os "pequenos" tem mesma da cara de aldrabões, vigaristas e mentirosos... no mercado internacional, o aspecto conta muito.

A figura do "troca passo" ao entrar com uma pasta "james bond", numa reunião em que estavam os donos da europa, foi mesmo de tira e queda - fez-me lembrar aquele vendedor, que se punha no Rossio, ás 18h, a vender "juba de leão" - dizia o aldrabão...no combate à queda de cabelo, use juba de leão

A Europa está minada de mentirosos e aldrabões e vê-se à legua...só pelo andar...com passo decidido, tipo Ingles, - Regra nº 1 - fugir deles