A bem da Nação

"A bem da Nação"

Não batam no Duque. Ele, coitado, é apenas um curioso e o ministro da propaganda convenceu-o de que, se gosta de ver televisão, teria todas as condições para ser ele a definir um novo conceito de serviço público da comunicação social — assim a modos de que quem gosta de ver futebol pode sempre ser seleccionador de Portugal.

Mas Relvas cometeu um erro de palmatória ao escolher Duque para presidir à comissão. Aquela cultura colada com cuspo (que evidenciava no Plano Inclinado) servia para entreter os serões do Crespo, mas não é suficiente para um tonto que anda sempre ao sabor da espuma dos dias redefinir uma tarefa desta envergadura. As declarações de Duque de que os emigrantes e os países de língua portuguesa não precisam de jornalismo, mas, “a bem da Nação”, de informação “filtrada” e “trabalhada” pelo Governo, que “não deve ser questionada”, representa o epitáfio perfeito para uma comissão de tontos e incompetentes.

Como se isto não bastasse, esta gente não se coíbe de lançar falsidades para justificar o aborto que fabricou: “os EUA “não possuem «serviço público» de comunicação social com relevância mínima”, ignorando as audiências da PBS e da NPR.

O abandono prematuro de três membros da comissão dá uma ideia bastante nítida do perfil dos que se mantiveram e levaram a empreitada até ao fim, apesar dos tratos de polé do ministro da propaganda. A aceitação da justificação de que o ministro disse aos resistentes que a reestruturação em curso da RTP era só para o ano de 2012 e que o trabalho da comissão incidiria no longo prazo faz pena. Ao menos as árvores morrem de pé.