- 'Neste contexto, um produtor de açúcar ou de café, que nada tenha feito para melhorar a sua produção por hectare ou por trabalhador, pode registar um aumento de produtividade de 300%, enquanto um industrial do Vale do Ave que tenha feito investimentos em maquinaria, em formação e melhorado a gestão da sua empresa, pode ter conseguido aumentar em 30 ou 40 % a produção por trabalhador e mesmo assim ter ganhos de produtividade nulos, não conseguindo mais do que igualar a queda de preços que ocorreu.
Três conclusões emergem desta análise. 1. – Não vale a pena andar a culpar os nossos empresários pela sua incapacidade em fazer melhor. Perante um cenário de evolução de preços destes e a maior crise internacional desde 1929, o facto de as exportações estarem a crescer como estão, prova uma resiliência fantástica. 2. – É errado pensar que políticas como as de apoio à investigação, à internacionalização ou à qualificação não tiveram os resultados esperados. Os resultados têm de ser avaliados em prazos mais alargados e a avaliação tem de ter em conta o contexto particularmente desfavorável. 3. – O contexto internacional está aí para ficar. Os efeitos da China na procura e oferta mundial não vão desaparecer. As empresas portuguesas sofreram um choque, mas a evolução das exportações mostra que estão a conseguir reagir bem, em múltiplos sectores. As alterações também trazem oportunidades, nomeadamente no aproveitamento dos nossos recursos naturais. Há já exemplos positivos na fileira florestal, ou no aproveitamento dos recursos energéticos e em algumas agro-indústrias, mas há muitas oportunidades por aproveitar na agricultura, na indústria extractiva e no mar.'
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