- 'A Caixa é um caso perdido. Foi a Caixa que matou a OPA da CSN, para proteger o Centro de Decisão Nacional, que agora entrega de bandeja. É sempre essa historieta dos centros de decisão que serve de borracha para todos os erros. Mas explique lá a lógica da batata: há dois anos, a Caixa não quis vender a Cimpor na OPA a 6,18 euros por acção (a Teixeira Duarte venderia a 6,5 euros; a Lafarge trocaria activos sob uma avaliação a 6,5 euros); há meses, o banco do Estado disse que só o faria a 6,5 euros. E agora vende a 5,5 euros. Hum… Não faz muito sentido, pois não?
Faz se for traduzido: a Caixa é o cavaleiro branco do Passos Coelho, o testa de ferro de Vítor Gaspar, o carro vassoura de António Borges. Idólatras da "mão invisível", adoptaram um conceito conveniente: a "mão que manda invisivelmente". Foram oportunistas à primeira oportunidade. E assim se fechou um acordo entre Finanças, Camargo e supõe-se que Votorantim. A decisão "do accionista" é um vexame tão grande para a administração da Caixa (que obedece, vende baratinho e até abdica de 200 milhões do contrato que tinha com a Votorantim) que de uma vez por todas se devia assumir que a Caixa não é um banco, é mesmo uma extensão do Ministério das Finanças, um pau mandado do Governo. E acaba-se com a conversa de treta da governança, da independência, do banco de mercado. É mais honesto assumi-lo: quando é preciso, a Caixa é um recreio do Governo.
Vítor Gaspar não é burro, é inteligente. Se fechou o negócio com a Camargo nestes moldes e deu dois berros à Caixa para assiná-lo, é porque há contrapartidas que desconhecemos. Provavelmente, para outras privatizações, como a TAP e a Ana. Depois da privatização da EDP, em que se acordou em segredo manter contratos de subsidiação à produção (afirmando antes que não se faria), o Governo continua a fazer negócios com empresas cotadas e bancos públicos atrás de nebulosas cortinas.
Há dois anos, aqui se chamou à oferta da CSN sobre a Cimpor a OPA do táxi: os quatro accionistas que decidiriam o sucesso da oferta caberiam no mesmo automóvel. Agora é ainda mais simples. É a OPA da mota: o Governo conduz, a Caixa vai no "side-car". A Caixa é o "corno manso" desta história: foi usada, é enganada (deixando cair, já agora, Manuel Fino), e ainda aparece na festa a rir. Confirma-se: Gaspar é o maior.'
3 comentários :
Não falando em quanto é que isto vai dar a ganhar aos simpáticos brasileiros, a pergunta é qual vai ser o prejuízo (chamem-lhe desconto, se preferirem)da caixa neste negócio?
Apetece dizer: volta Socrates qe estás perdoado!É uma vergonha. Este "gang" não vai deixar pedra sobre pedra.
É giro que estes pseudo liberais e defensores do mercado, sentam-se à mesa dividem a empresa acordam com os Brasileiros o valor da venda e respetivas compensações futuras para o GOverno e para a VOTo (comprou a 6,5 e não vai sair a 5,5). Mas e os restantes accionistas? Ninguém os defende? Só se preocupam com as compensações para os maiores, os outros que se lixem.... é preciso é que o Relvas e os amigos continuem a fazer negociatas.....
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