“Portugueses, a realidade é uma cena que a mim não me assiste”

Marcelo provou no domingo que a realidade não o atrapalha: estatelou-se em directo, assobiou para o lado, sacudiu as mãos e aí vai o político-comentador-professor-jurisconsulto como se não fosse nada com ele.

O que Marcelo fez no passado domingo não é muito diferente do que costuma acontecer em todas as suas homilias dominicais, quando, partindo de falsidades ou de meias verdades, faz “análises” intelectualmente desonestas. Veja-se a comparação que ele fez, neste domingo, entre o salário médio da “função pública” e o do sector privado, escamoteando o peso na “função pública” de professores, médicos, enfermeiros, magistrados e outros licenciados.

É verdade que o estampanço de domingo mostrou que, no que respeita à baixa política, Marcelo não tem rival: no que é infinitamente pequeno ele demonstra toda a sua grandeza. Mas revelou também outra faceta: a sua cada vez maior impreparação para discorrer sobre temas em que não pesca nada (até na área do Direito).

Reveja-se o vídeo do estampanço de Marcelo, podendo observar-se que ele comete três gaffes (e não uma):

1.ª Foi o Governo de Passos Coelho, e não o de Sócrates, que lançou a sobretaxa sobre o subsídio de Natal;
2.ª O PS votou contra a sobretaxa sobre o subsídio de Natal;
3.ª O Tribunal Constitucional não se pronunciou acerca da sobretaxa sobre o subsídio de Natal.