quarta-feira, setembro 12, 2012

Aqui que ninguém nos ouve

Assumir uma postura institucionalista é um comportamento adequado em tempo de regular funcionamento das instituições, mas, quando o poder político decide legalizar o saque do povo, é preciso agir, é preciso dar um sentido ao profundo estado de desespero de um povo que sabe que já não vive na Idade Média. Vivemos um daqueles momentos em que, se não estivermos atentos, podemos perder o comboio da História.

Pode António José Seguro aguardar, com uma paciência sem limites, que Cavaco Silva arranje um furo na sua preenchida agenda para o receber, mas a verdade é que o país já está a arder — como se prova pela leitura desta prosa, de que se reproduz apenas um parágrafo:
    ‘Está ali um bandalho dum funcionário descansado na televisão a dizer-me que as empresas são locais de cooperação entre patrões, empregados e a cona da mãe dele. Amigo: locais de cooperação o caralho que ta foda. Este pulha dum cabrão, que nunca trabalhou numa puta duma empresa na vida, assim como a maioria destes inefáveis cabrões, que eu podia alegar não terem outro nome, não fosse o facto de já os ter apresentado como filhos da puta, mas dizia eu, este filho da puta, bandalho e pulha dum cabrão, sobejamente merecedor de todos os insultos que me forem ocorrendo, diz-me que a empresa é um local de cooperação. As empresas, cabrão desumano, são locais onde as pessoas convivem de forma mais ou menos saudável com um modo de vida/ocupação de tempo que, de forma mais ou menos saudável, aceitam ao longo de parte das suas vidas. Então explica-me lá, ó javali cagado pela arca, em que é que uma empresa é um local de cooperação, e não uma desesperada forma de prisão, quando um bando de filhos da puta destrói qualquer possibilidade de as pessoas terem uma remota esperança de construir algo edificante a que possam chamar vida, esperar que esta subsista, se mantenha e evolua positivamente sem a ajuda, mas especialmente sem a constante sabotagem, de um bando de filhos da puta. Se o referido bando de filhos da puta nos estivesse a ouvir, ouvir-se-ia por esta altura um deles dizer, de forma inacreditavelmente ponderada, dotado da mais fina filha-da-putice - que este bando de filhos da puta confunde com elevação, humanidade, sentido de estado e afins – diria que eu, e vocês todos, passámos estes anos todos a viver acima das possibilidades.’

5 comentários :

Anónimo disse...

Alguém sabe se a malta do Banco de Portugal vai ter aumento da TSU?

Anónimo disse...

Estou entusiasmado com esta posição sem ambiguidades do CC, bastante mais clara que o PS.

Anónimo disse...

João Galamba http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=586537&tm=9&layout=122&visual=61

Anónimo disse...

Grande texto, já ontem li no Aspirina um comentário do mesmo género, parece que o povo se vai levantar, isto realmente só a tiro.

http://aspirinab.com/vega9000/o-inexistente/#comment-132563

Anónimo disse...

... da-se! A coisa está a ficar acirrada.