• António Correia de Campos, Dedos e anéis [hoje no Público]:
- ‘Todos os cenários estão em aberto quanto à aprovação do MFF [Quadro Financeiro Plurianual (Multiannual Financial Framework)]. Até mesmo um cenário de bloqueio, por parte do Parlamento, caso a sua proposta seja desconsiderada. Tendo em conta a história passada, haverá razões para acreditar que uma porfiada negociação entre Comissão, Parlamento e Conselho alcance um consenso.
De tudo isto, o que importa seguir é a posição de Portugal. Onde é que Portugal deve resistir e onde pode ceder? Nada sabemos, por enquanto, e as decisões tomadas vão influir na nossa vida colectiva ao longo dos próximos sete anos. É importante que o Governo explique aos portugueses o que pretende.
Não será difícil encontrar soluções consensuais, como aconteceu no passado. Mas o comportamento deste Governo arriscando desperdiçar fundos europeus para as redes de transporte ferroviário, bem como as indefinições sobre a estratégia energética deixam grandes dúvidas. A notícia recente de que cerca de 500 milhões do défice orçamental serão, este ano, artificialmente cobertos pela eufemisticamente designada "reprogramação do QREN", ou seja, pelo cancelamento de parte desse recurso como investimento, deixa-nos sérias dúvidas sobre os anos seguintes. Uma vez aprovado com fanfarra o Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020, quem nos garante que, nos apertos que se irão seguir, o Governo não voltará a fazer o que agora propõe, isto é, reduzir comparticipações nacionais para mobilizar fundos comunitários, pondo em risco o escasso investimento planeado? Ou seja, amputar os dedos, antes de vender os anéis.’
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